Implantação do balanced scorecard (BSC) na área de ti

AutorRonald Lopes de Oliveira
CargoMestre em Ciência da Computação pela UFRGS, Especialista em Gestão da Informação Estratégica pela UCS, Bacharel em Ciência da Computação pela UCS, professor da FSG
1 Introdução

Percebese que iniciativas de avaliação de competitividade, oriundas dos estudos sobre análise estrutural da indústria, recursos e competências, processos de mercado e capacidades dinâmicas, segundo Vasconcelos e Cirino (apud REZENDE, 2003), são a preocupação fundamental de todos os esforços de mensuração de desempenho. Cabe ressaltar que muitas vezes tornamse instrumentos setoriais, quando não geram enormes burocracias por conta da implantação não contextualizada à organização que optou por utilizálo.

No entanto, é razoável afirmar que somente instrumentos de mensuração integrados à dinâmica organizacional como um todo podem superar o desuso e galgar o status de instrumento único e unificado de acompanhamento da performance corporativa. Instrumentos de mensuração que consideram uma única perspectiva de gestão como parâmetro para avaliar o sucesso organizacional, ainda que teórica e tecnicamente embasados, não têm a suficiência nem a legitimidade para serem empregados como navegadores estratégicos.

A complexidade das escolhas estratégicas de hoje requer procedimentos completos, que reúnam o conhecimento disperso na organização e o tornem permanentemente disponível para os decisores. Outro fator a ser considerado é que o ritmo crescente de turbulências no mercado globalizado tornou necessária a existência de mecanismos de realimentação do processo decisório, caracterizando a importância de processos de mensuração em que fato e evidência possam ser acompanhados com rapidez e ao longo de toda a cadeia de valor.

O ponto crucial é o estudo do conjunto de procedimentos que influencia na produção de ativos tangíveis e intangíveis, levando às permanentes reconfiguração, reestruturação, revitalização e renovação que proporcionam fontes adicionais de desempenho. A gestão do conhecimento transcende como ferramenta estratégica ao entrelaçar conhecimentos explícitos e tácitos em torno da questão da competitividade, permitindo melhor navegabilidade em relação às competências centrais.

Por meio da utilização do Balanced Scorecard (BSC) e de sua disseminação pelos envolvidos em cada departamento, possibilitaremos a criação de uma massa crítica de conhecimento que facilitará a comunicação dos objetivos estratégicos. Dessa maneira, a proposta é que em cada departamento exista um grupo de colaboradores que possa gerir e acompanhar seus indicadores e metas de desempenho, bem como construir e monitorar seus mapas estratégicos.

Assim, o BSC no departamento de TI apresentase como um instrumento de trabalho contínuo e flexível, que estará comprometido com as estratégias da organização, tendo como premissa básica que é absolutamente impossível transmitir uma estratégia à operação sem que os executores participem da construção do sistema de avaliação de desempenho.

Pretendese, no decorrer deste artigo, apresentar os conceitos da gestão do conhecimento e inteligência competitiva que estão implícitos aos conceitos do BSC para possibilitar um maior entendimento sobre o objetivo desta proposta. Também será apresentado o detalhamento das principais etapas da implementação do BSC dentro do departamento de TI de uma empresa de saúde, bem como as principais ações a serem tomadas nesse processo, não perdendo de vista as suas perspectivas de continuidade.

2 Gestão do conhecimento

A velocidade com que a nova economia vem se formando e os impactos daí decorrentes já sedimentaram o conceito de sociedade do conhecimento. No entanto, as organizações ainda adotam premissas e práticas de gestão que não aproveitam plenamente o potencial inerente ao novo cenário. Tal questão advém da necessidade de reinventar os próprios negócios e os procedimentos organizacionais internos em uma velocidade superior às próprias capacidades.

É nesse contexto que o conhecimento, ou melhor, que a gestão do conhecimento (KM, do inglês Knowledge Management) se transforma em um valioso recurso estratégico para a vida das pessoas e das empresas. A criação e a implantação de processos que gerem, armazenem, gerenciem e disseminem o conhecimento representam o mais novo desafio a ser enfrentado pelas empresas.

Segundo Sveiby (1998), a gestão do conhecimento, vista na perspectiva atual, surgiu na década de 1990 como uma proposta de agregar valor à informação e facilitar o fluxo interativo em toda a corporação. Usada adequadamente, é tida como instrumento estratégico competitivo resistente ao modismo de eficiência operacional. O tema centrase em aproveitar recursos existentes na empresa, proporcionando aos seus integrantes empregar as melhores práticas e poupar a reinvenção de processos. Pensar em gestão do conhecimento apenas com foco no uso intenso da tecnologia é um conceito rudimentar, pois a tecnologia fornece estrutura, mas não fornece conteúdo. Certamente a tecnologia é um facilitador, mas por si só não consegue extrair informações da cabeça de um indivíduo.

A gestão do conhecimento está incluída nos processos de aprendizagem nas organizações, conjugando três processos: (1) aquisição e desenvolvimento de conhecimentos; (2) disseminação; e (3) construção de me¬mória em um único processo coletivo de elaboração das competências necessárias à organização. Teixeira Filho (2000) explicita que gestão do conhecimento é a coleção de processos que governam a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos. É uma nova confluência entre Tecnologia da Informação e Administração, um novo campo entre a estratégia, a cultura e os sistemas de informação da organização.

A gestão do conhecimento nas organizações se viabiliza com base em informações. Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que a informação proporciona novo ponto de vista para a interpretação de eventos ou objetos, o que torna visíveis significados antes invisíveis. Assim, a informação como meio ou material para extrair e construir o conhecimento, acrescentando algo ou reestruturandoo, constitui um fluxo de mensagens.

Contudo, esse conhecimento só é criado pelos indivíduos, cabendo à organização proporcionar os meios e contextos que possibilitem o aprimoramento do conhecimento. Em razão desses aspectos não formais para a geração de conhecimento, Nonaka e Takeuchi propõem distinguilos entre tácito e explícito:

(a) Conhecimento tácito é aquele não escrito em lugar algum, como as habilidades, percepções, palpites, intuições e visão de mundo enraizada nas ações e nas experiências dos indivíduos. São componentes subjetivos, de difícil visualização e formalização, transmissão e compartilhamento;

(b) Conhecimento explícito é aquele registrado, expresso em palavras ou números. É formado por componentes objetivos, disponíveis para todas as pessoas, podendo ser facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos como: fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios universais.

A gestão do conhecimento preconiza as sucessivas passagens do conhecimento tácito para explícito, e viceversa, à medida que busca transformar o conhecimento individual em recursos disponíveis às outras pessoas, por meio da conversão do conhecimento tácito em palavras ou números possíveis de serem compreendidos. Assim, durante esse período de conversões, têmse a disseminação e criação do conhecimento organizacional.

3 Capital intelectual e vantagem competitiva

Segundo Sveiby, as pessoas são os únicos verdadeiros agentes nas organizações. Todos os ativos e as estruturas, tanto tangíveis como intangíveis, resultam das ações humanas. Todos dependem das pessoas, em última instância para continuar a existir. As pessoas estão constantemente se expandindo em seu mundo por meios tangíveis, como quando compram carros e casas, e por meios intangíveis, quando geram idéias e desenvolvem relações com empresas e outras pessoas.

Um padrão possível para materialização dos intangíveis e respectivos valores estaria, então, ligado à criação de indicadores para expressar origem e propriedade do Capital Intelectual (CI) de posse da organização. A parte invisível do balanço patrimonial consiste em três grupos de ativos intangíveis: competências do funcionário ou habilidades individuais, estrutura interna e estruturas externas.

(a) Competências do funcionário - envolve a capacidade...

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