Cabeça bem feita X cabeça cheia no Judiciário

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas200-201
cabEça bEM fEita X cabEça chEia
No judiciário
O
que diferencia os gênios das pessoas medianas não é o volume de co-
nhecimentos que têm, mas sim a sua qualidade.
Há pessoas que têm muita cultura, títulos e cargos, representando verda-
deiras “enciclopédias ambulantes”, mas nada conseguem criar.
Todavia, há outras, que têm menor bagagem cultural, mas têm uma inte-
ligência mais aguda, conseguindo sempre descobrir “caminhos nunca d’antes
navegados”.
Talvez o mais importante gênio do Direito de todos os tempos tenha
sido MONTESQUIEU, que planejou o que muitos tinham pensado antes,
mas de forma supercial: a separação dos poderes.
Outro gênio do pensamento foi MICHEL DE MONTAIGNE, cujas
ideias serviram de paradigma em vários setores da atividade humana.
Uma das melhores ideias que apresentou foi a seguinte: “É melhor uma
cabeça bem feita do que uma cabeça cheia.
Os pedagogos aproveitaram essa tese e a desenvolveram visando a me-
lhoria do Ensino.
EDGAR MORIN foi um dos que mais aprofundaram e divulgaram essa
importante ideia.
Tão importante que pode servir para a melhoria dos concursos públicos,
inclusive aqueles para seleção de magistrados.
Certa feita, assisti a uma sessão da Corte Superior do TJMG, na qual
dois desembargadores criticaram severamente a forma como estavam sen-
do realizados os concursos para seleção de juízes e servidores. Com inteira
razão, quando armavam o absurdo da formulação de questões dicílimas
e de nenhuma utilidade para o trabalho diário desses operadores do Direito.
Realmente, o nível de diculdade das provas tem estado absurdamente ele-
vado, não pelo fato de avaliarem os itens realmente importantes do Direito e sim
por pretenderem averiguar quais dos candidatos “decoram” maior quantidades
de doutrinas inúteis de teóricos que nunca entraram num ambiente forense.
“Cabeça cheia” de “cultura inútil” é o que tem sido cobrado dos can-
didatos, redundando na aprovação de muitos que sequer têm vocação para
o trabalho de juiz, o qual exige bom senso, humanidade, cortesia e interesse
pelas causas públicas.
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