Cautela local mais uma vez se contrapõe a exterior positivo e dólar fecha estável

Em uma repetição do que tem sido os pregões nesta semana, a cautela dos agentes domésticos diante do cenário pouco animador para as reformas e as preocupações fiscais e políticas que antecedem o feriado de 7 de setembro voltaram a impor um limite para a valorização do real nesta quinta-feira. Mesmo diante do viés positivo no exterior, a moeda brasileira acabou penalizada pelo desânimo dos investidores em relação às perspectivas locais.

Após tocar R$ 5,1426 na primeira parte da manhã, a cotação do dólar acabou deixando as mínimas do dia e encerrou praticamente estável, em queda marginal de 0,02%, a R$ 5,1837. Lá fora, a cautela antes da divulgação do payroll amanhã também acabou limitando os ganhos dos pares emergentes. No horário acima, o dólar cedia 0,25% contra o peso mexicano, 0,18% frente ao rublo russo e 0,32% ante o peso chileno.

O pessimismo local, no entanto, fez o dólar flertar com uma alta leve no dia - na máxima, chegou a ser negociada a R$ 5,2006. O ambiente político seguiu no foco local nesta sessão, após os eventos de ontem no Congresso, em especial, a derrota do governo no Senado, com a rejeição da minirreforma trabalhista, e a aprovação do projeto de reforma do Imposto de Renda na Câmara, na quarta tentativa patrocinada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Enquanto especialistas correm para entender o real escopo das alterações aprovadas na reforma do IR - cuja votação foi feita às pressas após o acordo com partidos da oposição, a derrota da minirreforma trabalhista no Senado preocupa por indicar um descompasso entre as duas casas, o que pode atrapalhar o andamento de novos projetos.

“Foram várias derrotas recentemente, como na minirreforma trabalhista e na questão dos planos de saúde das estatais, a forma como foi votada a reforma do IR. A situação não é confortável”, reconhece o diretor da WIA Investimentos, José Faria Junior. “Além disso, o Senado não tem votado as matérias que passam pela Câmara. A situação é complicada mesmo com a ida do [senador] Ciro Nogueira (PP-PI) para o governo.”

Para um experiente gestor local, que preferiu manter o anonimato, a derrota sinaliza alguma falta de capacidade de articulação do governo, ainda que se possa ponderar que o tema era espinhoso. Já sobre a reforma do IR, ele avalia que o resultado final não ficou muito claro. “Não vejo problema em taxar dividendos e retirar Juros sobre Capital Próprio (JCP). Mas temo que a desoneração do Imposto de Renda para Pessoa Jurídica (IRPJ)...

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