Chance de redução de carga tributária nos próximos cinco anos é zero, diz Mansueto

Com a nova regra fiscal que estabelece crescimento em termos reais todos os anos e "um buraco de R$ 200 bilhões" para ser fechado até 2026 em termos de resultado primário, a chance de reduzir carga tributária nos próximos anos é zero, avalia Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual.A estimativa oficial do governo federal é de déficit primário R$ 140 bilhões em 2023, lembra Mansueto. O ex-secretário do Tesouro Nacional diz, porém, que essa projeção pressupõe que tudo o que está no orçamento será executada e paga, o que não deve acontecer."E algum ganho de arrecadação com medidas tomadas pelo governo deve fazer efeito e por isso estimamos um déficit primário na casa de R$ 100 bilhões em 2023. O problema é que aumentamos a despesa. Qual a chance de o Brasil cair a carga tributária nos próximos cinco anos? É zero, não temos espaço para isso. Porque temos uma regra fisal na qual a despesa crescerá em termos reais em todos os anos. Com buraco de R$ 200 bilhões para fechar, não há espaço para reduzir carga." As declarações foram dadas em evento promovido pela TAG Investimentos.Leia mais:Ganho com IVA será tão grande que compensará prestação de serviços sem nota, diz MansuetoMercado deve testar corte de 0,75 ponto nos juros talvez ainda este ano, diz MansuetoGestores veem espaço para ganhos com ativos locais em meio a corte de juros e arcabouço fiscalPelo novo arcabouço fiscal, a despesa primária cresce pelo menos 0,6% em termos reais ao ano. A regra, lembra Mansueto, embute também metas de resultado primário pelo qual o déficit primário sai de R$ 100 bilhões em 2023, zera em 2024, e se transforma em superávit em 2025 e 2026, de R$ 50 bilhões e de R$ 100 bilhões, respectivamente."Houve decisão de aumentar gastos permanentes. Nada contra, foi decisão política. Mas, dito isso, como é que será financiado? Agora é que vamos começar esse debate." Mansueto destaca que o Bolsa Família, "embora seja um programa muito bom, bem avaliado", teve gasto elevado para 1,7% do PIB, algo em torno de R$ 170 bilhões ao ano. Entre 2003 e 2019, compara, o gasto com o programa nunca passou de R$ 50 bilhões ao ano, o equivalente a 0,5% do PIB."O que se conseguiu economizar nos últimos anos foi no gasto com pessoal. Mas agora que começaremos um ciclo de aumento dessa despesa, teremos que discutir como financiar isso. Tomar a decisão de aumentar a despesa e deixar a decisão de receita para depois gera esse problema. No segundo semestre, em algum momento...

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