Cincinato: Exemplo de Desapego ao Poder
Autor | Luiz Guilherme Marques |
Páginas | 204-205 |
ciNciNato:
EXEMPlo dE dEsaPEGo ao PodEr
O
ideal de realizar grandes feitos é natural e louvável. Todavia, o desapego ao
poder é virtude que poucos alcançaram. A maioria, aliás, não faz empenho
algum em adquirir essa virtude e só se desliga do poder contra sua vontade...
Um louvável exemplo foi dado por LÚCIO QUINTO CINCINATO
(www.sobiograas.hpg.ig.com.br/LuciusQu.html):
[ou Lucius Quinctius Cincinnatus] (519 – 438 a. C.) Guerreiro romano de trajetó-
ria parcialmente lendária. Homem simples chegou a cônsul e ditador e, depois de salvar
a cidade, tornou-se um dos personagens mais importantes da história de Roma. A re-
pública romana atravessava então momentos difíceis por causa de um iminente ataque
de volscos e équos, duas tribos tradicionalmente inimigas dos latinos. Um destacamento
romano comandado por Minúcio (458 a. C.) enfrentou os équos no monte Álgido,
mas cou acuado num desladeiro. Diante da desesperada situação dos sitiados e
da própria cidade, os cônsules decidiram recorrer a Cincinato, experiente general que
comprovara sua habilidade militar em confrontos anteriores com os volscos. O ocial
que procurou Cincinato para entregar a nomeação encontrou-o lavrando a terra. Com
diculdade, conseguiu convencê-lo a aceitar o cargo de ditador, título que lhe outorgava,
em caráter provisório, poder absoluto. No comando de um poderoso exército, ele foi ao
encontro do inimigo e o venceu, segundo a lenda, em apenas um dia. De posse de vultoso
butim, regressou a Roma, renunciou ao cargo e voltou à vida simples de lavrador.
Temos que CINCINATO:
a) não procurou o poder e sim foi convidado para exercê-lo;
b) foi-lhe outorgado poder absoluto, mas não consta que tenha agido de
forma indevida contra alguém ou em benefício próprio;
c) tendo cumprido sua missão, renunciou ao poder.
Numa época em que grandes disputas ocorrem pelos postos de coman-
do; em que abusos dos mais graves são praticados por muitos que exercem
o poder; em que tudo se faz para continuar em situação de evidência – ca
parecendo surrealista o idealismo de um CINCINATO.
Mas, o antídoto para essa fúria desenfreada pelo poder está na com-
preensão de que somente o povo detém o poder.
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