Prefácio

AutorDaury Cesar Fabriz
Ocupação do AutorDoutor e Mestre em Direito Constitucional pela FD/UFMG. Coordenador do PPGD em Direito e Garantias Fundamentais da FDV. Presidente da Academia Brasileira de Direitos Humanos
Páginas11-12

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O Direito, na condição de área científica inserida no âmbito das ciências sociais aplicadas, vem passando por grandes transformações no plano teórico e jurisprudencial. Vários são os fatores determinantes dessas alterações. Vivenciamos uma sociedade extremamente complexa, onde as relações humanas estão submetidas a uma restruturação vertiginosa nos campos social, político e econômico. O mundo se globalizou/universalizou por intermédio das novas formas de comunicação (sociedade da informação) e esse fenômeno resvala na seara das várias relações sociais e, portanto, do trabalho, por ser elemento intrínseco ao modo de produção capitalista. São várias as promessas de desenvolvimento global e geração de riqueza e prosperidade que estão embutidas no embuste da globalização/mundialização. Todavia, o que se verifica na realidade, são consequências graves, que levou o Viviane Forrester a falar em "o horror econômico" (O horror econômico, São Paulo, UNESP, 1997), em razão do sucateamento do ser humano e a busca de lucros extraordinários por parte das corporações transnacionais. Na citada obra, a autora demonstra e desvenda as entranhas do capitalismo pós-industrial e suas implicações na perspectiva do emprego. Não é um cenário dos mais promissores para a humanidade. Estaríamos vivendo "os fins dos tempos", conforme aponta o filósofo esloveno SlavojŽižek?

Cada época da história da humanidade teve seus problemas e, de alguma forma, conseguiu resolver suas dificuldades. Penso que não seja diferente com o tempo em que vivemos. São questões que estão aí, postas, e que, necessariamente, exigem entusiasmo para o seu enfrentamento. Certa vez perguntei em sala de aula a um aluno do mestrado da Faculdade de Direito de Vitória (FDV) se a ele fosse dada a chance de descobrir algo novo o que ele gostaria de descobrir. Ele me respondeu, de forma direta e franca, que gostaria de conhecer uma nova cor. Diante da beleza daquele momento de reflexão, disse a ele que essa cor existe, mas muitas vezes nos falta coragem para enxergá-la. Penso que assim deve ser o caminho da resolução dos problemas que estão postos em razão das transformações políticas, econômicas e sociais com as quais a humanidade se defronta nos dias de hoje, ou seja, a necessidade de coragem para enxergar os caminhos.

O livro Direito Material e Processual do Trabalho na Perspectiva dos Direitos Humanos que tenho a honra de prefaciar representa esse esforço de coragem em busca de caminhos...

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