Melhoria contínua - o incentivo à criatividade gerando resultados
Autor | Leonardo Siqueira Borges |
Cargo | Acadêmico em Administração de Empresas pela FSG (Faculdade da Serra Gaúcha), analista de Sistemas da Qualidade, coordenador de Programas de Qualidade (PGQP/PNQ, CCQ, 5S) na Fras-Le, examinador PQRS – Nível III (2004/2005), 10 anos de experiência em Qualidade, leo@fras-le.com.br |
O objetivo de uma empresa é satisfazer as necessidades das partes interessadas, através de um Controle de Qualidade Total (TQC). Os programas participativos têm o objetivo de propiciar e incentivar a participação dos colaboradores nas decisões da empresa, bem como a conseqüente capacitação profissional por meio do desenvolvimento de trabalhos individuais ou em equipe, sugestões de melhorias e indicação de novos negócios.
A melhoria contínua significa o envolvimento de todas as pessoas da organização no sentido de buscar, de forma constante e sistemática, o aperfeiçoamento dos produtos e processos empresariais. Pressupõemse mudanças de comportamento nas empresas, envolvendo e capacitando as pessoas, ampliando, assim, o aproveitamento de seus conhecimentos nas organizações. Cabe salientar que, quando a empresa evolui dentro de um processo de melhoria contínua, os ganhos associados às mudanças de origens tecnológicas, sejam gerencias ou operacionais, são mais rápidos e facilmente incorporados aos processos. Cada programa tem as suas próprias diretrizes, alinhadas com a sistemática de análise e premiação distinta. O voluntariado, a iniciativa e o engajamento, além de melhorar a eficiência e a competitividade, contribuem para o desenvolvimento de seus colaboradores.
Este artigo pretende demonstrar que o incentivo à criatividade, através dos programas da qualidade, traz eficiência nos processos, produtos e pessoas, gerando resultados para a organização. Pretende, também, evidenciar que o programa de CCQ é uma grande fonte de geração de Capital Intelectual, FNQ (2005) para as empresas; e, além disso, demonstrar benefícios para empresa e para funcionários com a implantação desse programa.
Antes de se definir o CCQ, é preciso introduzir alguns conceitos sobre TQC - Total Quality Control.
No ano de 1950, os especialistas americanos Dr. W. E. Deming e Dr. Joseph M. Juran, incentivados pelo governo japonês, ministraram diversas palestras e seminários no Japão em que apresentaram os conceitos e métodos que viriam a se tornar o sistema administrativo conhecido como Controle da Qualidade Total. Esse sistema foi de vital importância para o país sair da crise econômica que estava vivendo e, assim, surgir no cenário mundial como potência econômica e industrial.
Dentro do contexto da Qualidade, o Prof. Kaoru Ishikawa criou, em 1962, o programa CCQ para envolver supervisores e subordinados no problema da qualidade. O primeiro círculo foi iniciado na Komatsu, empresa de produtos industriais, em 1963.
O CCQ chegou ao Brasil em 1971 através das organizações Johnson & Johnson, Volkswagen e Embraer. Em Santa Catarina, o movimento chega em 1977 através das Cia. Hering e Fundição Tupy. Em 1986 ocorreu um grande impulso no movimento com a presença do Prof. Ishikawa no Brasil e os CCQs chegaram a atingir mais de 1000 organizações.
Há indicativos de que o CCQ é atualmente praticado em mais de 40 países no mundo e continua crescendo na Ásia e África, incluindose a Índia, embora muitos não utilizem o nome CCQ.
Para Drumond (1986, p. 45), um CCQ é formado por grupos de 05 a 08 funcionários voluntários, geralmente pertencentes a uma mesma área de trabalho, que se reúnem periodicamente para identificar, estudar e propor soluções para temas e problemas relacionados com suas atividades. Utilizam para isso métodos e ferramentas de qualidade. Os grupos são de longa duração, permitindo, assim, a realização de vários trabalhos durante a sua existência.
O fato de ser um grupo pequeno e voluntário favorece a participação e comprometimento de todos os integrantes, além do desenvolvimento da criatividade individual, da capacidade de trabalhar em grupo e da consciência de pertencer a uma empresa responsável pela qualidade de seus produtos e serviços.
É importante ressaltar a função educadora do CCQ dentro das empresas, pois possibilita a assimilação de novos conhecimentos, novos comportamentos e posicionamentos críticos, transformando os integrantes em funcionários mais capacitados e com possibilidade de crescimento na empresa. O CCQ também proporciona um aumento na autoestima dos participantes na medida em que os trabalhos do grupo são reconhecidos e geram frutos para a empresa.
Outro item a se ressaltar é a integração que ocorre nos mais diversos níveis. Os empregados integramse entre si, dentro do seu grupo, e, também, com participantes de outros grupos, através das trocas de experiências e auxílio mútuo. A interação e integração com os Gerentes também são favorecidas, devido à necessidade de decidir os temas e analisar as sugestões. Ainda há a integração organizacional que se dá com a empresa, suas atividades e seus objetivos. Resumindo, os CCQs são um movimento de recursos humanos, características de grupos, voluntariado, envolvimento e participação, integração, liberação do potencial inovador e criativo e de longa duração.
O CCQ possui objetivos (SCHONBERGER, 1984), tanto na área social, quanto econômica das empresas. Estes podem ser divididos em três níveis.
Objetivos em relação à empresa: aprimorar a qualidade dos produtos e serviços, melhorar a produtividade, melhorar o relacionamento entre gerentes e subordinados, melhorar a imagem da empresa, reduzir e otimizar...
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