Corte adicional da Selic não é unanimidade entre economistas

Tema foi ponto de divergência em seminário organizado pelo Ibre-FGV e "O Estado de S. Paulo" A nota divulgada nesta semana pelo Banco Central (BC) sinalizou que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode voltar a reduzir a taxa de juros para evitar desaceleração ainda maior da economia brasileira, mas a necessidade de cortes adicionais na Selic está longe de ser consenso entre economistas.

O tema foi ponto de divergência em seminário organizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), em parceria com o jornal "O Estado de S. Paulo".

Coordenador de Economia Aplicada do Ibre, o pesquisador Armando Castelar afirmou que, neste momento, um novo corte da Selic teria efeito contracionista sobre a economia. "Vai mexer no câmbio e vai dar a mensagem de que a coisa está pior do que se imaginava, o que é contraproducente", afirmou.

Segundo modelo construído por ele, o desempenho do real ante o dólar parou de acompanhar a média de moedas emergentes em agosto de 2018. "Houve uma quebra ali porque o dólar passou a subir enquanto o risco-país caía".

Para Armando Castelar, pesquisador do Ibre, novo corte teria efeito contracionista

Valor

Já Samuel Pessôa, pesquisador da entidade, argumenta que cortar a Selic seria uma questão de "livro-texto de macroeconomia". "Não há nenhuma heterodoxia envolvida, é uma operação de livro-texto. Temos visto que a demanda está fraca, essa é a minha premissa", disse.

Em sua avaliação, o ritmo frustrante de recuperação observado nos últimos três anos, quando o crescimento anual mal passou de 1%, é explicado, em parte, por uma "carência de demanda".

Como a restrição fiscal impede estímulos via gastos maiores do governo, a única saída para enfrentar essa situação seria por meio da política monetária, argumenta Pessôa.

Bráulio Borges, economista-sênior da LCA e pesquisador associado do Ibre, concorda que há espaço para mais estímulo ao considerar os cenários prospectivos para a inflação.

Para ele, a "sangria" do aumento de aversão ao risco provocado pelo novo coronavírus ainda não foi estancada, mas os elementos mais objetivos que deveriam balizar a tomada de decisão do BC brasileiro indicam corte adicional.

As projeções para a inflação deste ano caminham para 3% e, para 2021, 30% do mercado já aposta em inflação igualmente abaixo da meta. "O espaço para novos cortes está aí", diz Borges.

A nota emitida pela autoridade monetária brasileira é compreensível e foi, "na prática, quase o mesmo...

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