Crise e Pandemia.

AutorGuimaraes, Karoline Claudino

MASCARO, A. L. Crise e Pandemia. Coleção Crise Pandemia. São Paulo: Editora Boitempo, 2020.

Decerto, o nefasto cenário que vem se desenhando no território brasileiro ante ao aprofundamento da crise sanitária da Covid-19 e da agudização da crise estrutural do capital exige uma leitura tanto mais analítica quanto mais embasada, nos termos de uma perspectiva crítica, pelo conjunto da sociedade. Nessa ótica, a coleção da editora Boitempo, Crise Pandemia, traz autores de peso em análises conjunturais, como Alysson Mascaro, Virgínia Fontes e Ricardo Antunes. Tais apresentam reflexões nevrálgicas conforme versa a tradição crítica marxista. Elencando, ainda, temáticas que permitem o necessário exercício de uma leitura da sociedade atual articulado à historicidade dos fatos e seus desdobramentos para os tempos hodiernos.

O primeiro volume da coleção é o "Crise e Pandemia", do jurista e filósofo Alysson Leandro Mascaro, do qual trata-se esta resenha. A narrativa é breve para um livro, porém, trata-se da proposta da coleção, que trouxe uma série de livros cuja intenção é justamente a promoção de uma reflexão crítica, com bases científicas sólidas, mas que componham uma estrutura de narrativa curta e objetiva.

Em poucas páginas, Mascaro faz-se imprescindível para uma compreensão do Brasil diante da crise sanitária do Novo Coronavírus, haja vista a agudização da crise capitalista que já se aprofundava no país--e ao redor do mundo--e as possibilidades à posteriori. Sua articulação histórica com fatos que permeiam o cenário político, econômico e social brasileiro e mundial consagram a obra como uma leitura indispensável para entender a relação da crise estrutural capitalista e da crise da Covid-19 ante ao contexto político caótico que é o governo de Jair Messias Bolsonaro e as nefastas consequências do Estado mínimo na condução da pandemia.

A obra divide-se em duas partes, sendo a primeira, denominada "A crítica", tratando-se justamente de uma crítica ferrenha e muito bem fundamentada ao modo de produção capitalista e ao Estado neoliberal, sem perder de vista o contexto pandêmico e seus sepulcrais (nos termos mais literais da palavra) desdobramentos na atualidade.

Para isso, Mascaro assinala a natureza destrutiva do sistema capitalista que reduz a vida social em mercadoria e o fato da crise sanitária do Novo Coronavírus tratar-se não apenas de um fator de natureza biológica, mas de determinações históricas e marcos sociais. O título do primeiro tópico em si já determina o ponto de vista do autor, nele, lé-se: "nem...

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