Crises do clima e da biodiversidade só serão resolvidas se a ação for conjunta, dizem pesquisadores
Duas das grandes emergências ambientais globais, do clima e da biodiversidade, são motivadas pelas atividades humanas e se retroalimentam. Pela primeira vez, um relatório de cientistas de clima e biodiversidade diz claramente que nenhuma das duas crises será resolvida se não for equacionada conjuntamente.
Esta é a mensagem principal de um relatório produzido por 50 dos maiores especialistas climáticos e de biodiversidade do mundo escolhidos por um comitê científico com integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e da Plataforma Político-Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES).
Os pesquisadores ficaram reunidos em um workshop virtual de quatro dias em dezembro. Foi a primeira vez que cientistas de clima e de biodiversidade fizeram um relatório em conjunto, o “IPBES-IPCC Co-Sponsored Workshop Report on Biodiversity and Climate Change” lançado nesta quinta-feira.
Até agora, as políticas globais atuam na perda da biodiversidade e na mudança do clima de forma independente. Mas a sinergia dos dois esforços traria mais benefícios e reduziria custos, dizem os pesquisadores.
Entre suas recomendações, os cientistas alertam que o plantio de monoculturas para fins de bioenergia sobre grandes extensões de terra assim como o reflorestamento com monoculturas rápidas, em grande escala e sem proteção à biodiversidade podem causar danos à natureza.
Aumentar a capacidade de irrigação para a agricultura em resposta às estações mais secas também pode ser nocivo.
Manter ou restaurar 20% do habitat nativo em “paisagens habitadas ou alteradas pela ação humana pode contribuir tanto para o clima como para a biodiversidade”, recomendam.
Os pesquisadores dizem que é preciso parar com a perda e a degradação dos ecossistemas ricos em carbono e em espécies tanto nos ecossistemas terrestres como nos oceanos, além de ampliar as práticas agrícolas e florestais sustentáveis.
A estimativa é que a produção de alimentos seja responsável por 21% a 37% do total das emissões líquidas de gases-estufa relacionadas a atividades humanas.
“Os esforços de conservação não têm sido suficientes”, diz Pamela McElwee, da Rutgers University. “Por muito tempo tivemos clima e biodiversidade sendo tratados em separado, com ministros de Meio Ambiente cuidando de clima...
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