Decisão Monocrática Nº 0000385-55.2017.8.24.0018 do Segunda Vice-Presidência, 29-11-2019

Número do processo0000385-55.2017.8.24.0018
Data29 Novembro 2019
Tribunal de OrigemChapecó
ÓrgãoSegunda Vice-Presidência
Classe processualRecurso Extraordinário
Tipo de documentoDecisão Monocrática



ESTADO DE SANTA CATARINA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Recurso Extraordinário n. 0000385-55.2017.8.24.0018/50001, de Chapecó

Recorrente : Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Procs.
de Just. : Abel Antunes de Mello (Procurador de Justiça) e outro
Recorrido : Giovani Venícius Rossa
Def.
Público : Júlia Gimenes Pedrollo (Defensora Pública)

DECISÃO MONOCRÁTICA

O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, com fulcro no art. 102, III, "a", da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, interpôs recurso extraordinário contra o acórdão da Segunda Câmara Criminal que, por unanimidade, decidiu negar provimento à apelação defensiva, e, de ofício, absolver o réu no que tange à prática do crime disposto no art. 330, caput, do CP (fls. 212-223 dos autos principais).

Alegou violação ao art. 5º, LXIII, da CRFB/88 (fls. 01-15 do incidente n. 50001).

Apresentadas as contrarrazões (fls. 19-36 do mesmo incidente), vieram os autos conclusos à 2ª Vice-Presidência.

É o relatório.

De plano, adianta-se que o recurso extraordinário reúne condições de ascender à Corte de destino.

Sustenta o recorrente que o acórdão impugnado teria violado o art. 5º, LXIII, da CRFB/88, na medida em que absolveu o recorrido da prática do crime tipificado no art. 330 do CP, reconhecendo a atipicidade da sua conduta.

Destaca-se da decisão recorrida (fls. 219-222 dos autos principais):

"Crime de desobediência.

Registra-se que a defesa não se insurgiu contra a condenação do réu pela prática do crime de desobediência.

Contudo, necessário afastar a condenação, de ofício, pois o caso não se amolda à situação descrita no artigo 330 do Código Penal. Explica-se.

Não se descura, o conjunto probatório comprova que o réu ao avistar a viatura dos policiais militares, desobedeceu a ordem de parada emanada pelos agentes estatais, no exercício de suas funções, e empreendeu fuga.

Nesse sentido, o policial militar Cleverson Luiz França, ouvido em ambas das fases procedimentais (fl. 11 e mídia de fl. 11), em Juízo, relatou:

[...] que, após ser informado de que um indivíduo, dirigindo um Etios da cor branca, evadiu-se de um posto de combustível sem pagar, fez contato com o policial Laurence, que trabalha em município próximo, onde possivelmente o acusado iria passar (declaração extraída da sentença, fls. 149-150).

O miliciano Laurence Diel Rios, por sua vez, sustentou que foi informado pelo policial Cleverson que um veículo suspeito, de nome Etios, estaria passando pela BR-282, momento em que se direcionou ao trevo para aguardar o carro. Alegou que quando viu o veículo iniciou a perseguição, acionando o giroflex e o sistema sonoro da viatura. Relatou que somente conseguiu abordar o acusado no momento em que o mesmo perdeu o controle do carro e tombou o veículo. Sustentou que não havia a possibilidade de o acusado não saber que estava sendo acompanhado (declaração extraída da sentença, fl. 150).

O réu, na fase policial, aduziu "que depois de passar pelo Município de Nova Erechim acabou sendo abordado por policiais militares" (fl. 15). E, em Juízo "sustentou que só parou o veículo apos perder o controle da direção" (trecho extraído da sentença, fl. 150).

No que interessa, por mais que o apelante não tenha exposto motivo que justificasse sua fuga no momento da abordagem policial, sabe-se a Constituição da República assegura o direito ao silêncio e garante a não produção de provas contra si.

Dessa...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT