O Direito e a Justiça Devem Passar por Uma Mutação
| Autor | Luiz Guilherme Marques |
| Páginas | 412-413 |
o dirEito E a justiça dEVEM
Passar Por uMa Mutação
Se RALPH WALDO EMERSON tivesse vivido na Europa, não seria con-
siderado um lósofo propriamente dito, pois não abordava seus temas à
moda de SPINOZA, KANT, PLATÃO, HEGEL etc., ou seja, com a frieza
de uma análise química de laboratório ou o estudo de uma lei da Física, mas
abordava os assuntos com o entusiasmo de um poeta e de um pregador reli-
gioso, usando expressões candentes e cheias de vida.
Dentre os temas que abordou nos seus Ensaios está a História, inspirado
no qual faço estas reexões.
A História humana é uma sequência de acontecimentos que nada têm
de casual nem de caótico, mas sim representa o cumprimento de um plane-
jamento da Divindade na espiral evolutiva dos seres humanos dentro de uma
civilização que se enriquece de experiências e virtudes.
Quem não consegue enxergar o encadeamento que existe entre pessoas
e fatos de todas as épocas e regiões e simplesmente cataloga nomes e datas
pouco tem a contribuir para a melhoria da vida humana.
Apesar do mérito da contribuição de cada ser humano para o progres-
so das comunidades e das instituições, apenas alguns homens e mulheres
têm condições de arrastar as primeiras e modicar profundamente as últimas
com sua personalidade mais evoluída.
Presentemente, temos poucas pessoas dentro do mundo jurídico em
condições de alterar profundamente o Direito e a Justiça, sendo que a imensa
maioria das ideias que surgem são superciais e muitas representam apenas
o corporativismo e o espírito interesseiro da maioria.
A falta de Fraternidade é responsável pela visão acanhada e parcial da
maioria dos juristas e operadores do Direito.
Muitos são movidos pela vaidade e ambição de poder e de dinheiro.
O Direito somente conseguirá representar um referencial realmente útil
para as coletividades se for pensado por mentes comprometidas com a feli-
cidade de todas as pessoas e não apenas das elites.
A Justiça somente será justa se deixar de ser o garantidor disfarçado dos
interesses monopolizadores das classes dominantes.
Nossa época é o resultado do amadurecimento proporcionado por ex-
periências coletivas chocantes como as duas guerras mundiais, o socialismo
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