Competências organizacionais – Core Competence

AutorRoberto Scola
Páginas127-139

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1 Introdução

Este artigo1 busca contribuir com um estudo a fim de proporcionar vantagem competitiva organizacional. Este artigo versa sobre competências organizacionais: “core competence”. O conceito “core competence” surgiu nos anos 90 para oferecer crescimento sustentável às organizações. É consenso no mundo acadêmico e empresarial que as competências organizacionais são importantes. Porém, ainda hoje em dia, este conceito aparece bastante nebuloso e confuso, gerando muitas inquietudes e dúvidas. Dentro deste aspecto, pretende-se contribuir com um estudo a fim de apresentar o que é, e o que não é competência organizacional. Assim, o objetivo principal deste artigo é descrever, analisar e acessar efetivos exemplos sobre como o conceito de competências organizacionais, core competence contribui e pode contribuir à competitividade organizacional.

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2 Sustentabilidade organizacional

As práticas internas eficazes, por mais convincentes que sejam os argumentos a seu favor, não estão isentas de dificuldades para a implementação da estratégia. Não importa quanto eficaz seja a estratégia, ela precisa ter sustentabilidade, além de contemplar o crescimento. Depois que uma empresa escolher sua estratégia de crescimento, ela deverá ter condições de se manter crescendo.

Assim, é fundamental que uma organização, para crescer, além da escolha acertada da estratégia, deve empenhar-se profundamente na sua implementação. A eficácia nos processos internos leva as empresas competirem com êxito durante um certo período de tempo. Porém, a longo prazo, a eficácia nos processos internos não criam sustentabilidade para a estratégia. Aos poucos, as empresas começam a enfrentar dificuldades cada vez maiores em manter-se à frente dos concorrentes. Isso ocorre devido aos concorrentes imitarem com rapidez as suas práticas gerenciais, em operações, inovações ou em gerenciamento com os clientes.

Em vista deste aspecto, o estudo das competências organizacionais pode responder a algumas questões importantes na sustentabilidade da estratégia empresarial. É consenso no mundo empresarial e acadêmico a importância das competências organizacionais para a construção da vantagem competitiva empresarial. Assim, este assunto tem instigado e desafiado muitos pesquisadores, professores, gerentes e profissionais de diversas áreas do conhecimento. Compreender e identificar as competências pode trazer inúmeros benefícios à empresa. Por isso, busca-se agora o estudo das competências organizacionais.

Para Paul Green (1999, p. 26) e Scott Parry (1998, p. 58), os conceitos de competências têm-se tornado confusos por conta das diferentes maneiras pelas quais o termo competência é utilizado por profissionais de negócios. Não é raro ouvir-se os termos competências essenciais, capacidades, traços de personalidades, ou outros atributos, utilizados de maneira intercambiáveis.

Para Drucker (1999, p. 99) as competências organizacionais fazem parte da personalidade de cada organização e as diferenciam das demais e geram vantagem competitiva. Prahalad e Hamel (1995, p. 233) definem competências como um conjunto de habilidades e tecnologias. Elas proporcionam as vantagens para a empresa competir e constituem o recurso mais valioso da organização. A perspectiva da abordagem das competências é de movimento empresarial “de dentro para fora” (inside-out).

Um fabricante americano de ferramentas descobriu que pequenas oficinas japonesas estavam comprando suas ferramentas caras e de alta tecnologia, apesar de ele não asPage 129 ter projetado com eles em mente ou nunca tê-las oferecido a eles. Isso permitiu que a empresa reconhecesse uma nova competência essencial: seus produtos eram de manutenção e reparo fáceis, apesar da sua complexidade técnica. Quando esse conhecimento foi aplicado ao projeto de produtos, a empresa conquistou a liderança nos mercados de pequenas fábricas e oficinas dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, mercados enormes para os quais ela praticamente nada vendera anteriormente (DRUCKER,1999, p. 99).

O exemplo acima mostra a razão e a importância de uma empresa conhecer suas competências essenciais, na conquista de uma maior vantagem competitiva.

2. 1 Competências essenciais

Ao longo do tempo as empresas podem adquirir conhecimentos e habilidades que se transformam em competências essenciais ou recursos internos estratégicos. Hamel e Prahalad (1995, p. 229) definem competências essenciais (core competence), como “um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício aos clientes”. Competências essenciais são habilidades ou capacidades, não são produtos ou serviços. Esses autores consideram que uma competência essencial da organização deve:

  1. Ter valor percebido pelo cliente, ou seja, o benefício deve ser visível aos olhos do cliente e não as nuanças técnicas, proporcionadas pela competência subjacente ao benefício;

  2. Mostrar diferenciação entre concorrentes e ser difícil de imitar; e

  3. Possuir capacidade de expansão, ou seja, possibilitar acesso a diferentes mercados.

Prahalad (1998, p. 12) argumenta que competência essencial é um dos conceitos menos compreendidos de todos os tempos. Ele, além de esclarecer o que é uma competência essencial, esclarece também o que não é uma competência essencial: Competência essencial não é infra-estrutura. Ter um sistema de distribuição nacional não é nenhuma competência essencial. Significa apenas que se tem uma infra-estrutura. Competência essencial também não é tecnologia. O fato de ser muito bom em projetar não implica uma competência essencial. Geralmente as empresas confundem competência essencial com tecnologia ou infra-estrutra. Outro problema, alerta Prahalad, é que as empresas misturam competências essenciais com capacidade ou aptidão. Por exemplo, o gerenciamento just-in-time de sistemas de suprimentos foi uma competênciaPage 130 essencial, mas hoje muitas empresas praticam a mesma coisa, é uma capacidade básica. Ao longo do tempo, uma competência pode se tornar uma capacidade.

Para Paul Green (1999, p. 28) uma competência essencial é um conjunto peculiar de know how, que é o centro do propósito organizacional. Ela está presente nas múltiplas divisões da organização e nos diferentes produtos e serviços. Não será competência essencial se um conjunto de habilidades ou tecnologias estiverem restritos a uma única unidade.

Pode-se encontrar como exemplos de competências essenciais nas organizações: Sony, que oferece um benefício do “tamanho do bolso” de seus produtos. Neste caso, a competência essencial seria a miniaturização; na Federal Express, o benefício é a entrega rápida e a sua competência essencial seria a gestão logística; a logística também é essencial à capacidade da Wal-Mart de oferecer aos seus clientes o benefício de escolha, disponibilidade e valor; a Motorola oferece aos clientes o benefício das comunicações “sem fio”.

Paul Green (1999, p. 28) mostra o exemplo da Cannon, que possui competência essencial em ótica, imagens e microprocessadores, que lhe permitiram obter sucesso com os produtos: copiadoras, impressoras a laser e máquinas fotográficas. A lógica de gerir uma empresa pelas suas competências é ir além dos produtos e serviços existentes...

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