Economia dará o tom das eleições de 2022, dizem pesquisadores

Dois pesquisadores que estudam o fenômeno do bolsonarismo no Brasil disseram nesta terça-feira que a questão econômica será central nas eleições presidenciais de 2022. Para eles, a forma como presidente Jair Bolsonaro conduzir esse tema após o fim do auxílio emergencial influenciará o desempenho dele nas urnas.

“As falas das pessoas hoje sobre o que sentem em relação ao país são estruturadas em dois afetos: o medo e a desesperança”, afirmou a socióloga Esther Solano, professora da Unifesp, que conduz pesquisas qualitativas por meio de entrevistas com eleitores e apoiadores do presidente da República.

Solano participou de debate on-line promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC) intitulado “O bolsonarismo está em crise?”.

Fundador do instituto de pesquisa Idea Big Data, o economista Maurício Moura, que compôs o painel, afirmou: “O governo Bolsonaro conseguiu terceirizar a pandemia para os governadores e prefeitos, mas não vai conseguir terceirizar a questão econômica. Se nas eleições de 2018 as pessoas estavam altamente indignadas, em 2022 as pessoas estarão desesperadas economicamente.”

Os dois pesquisadores traçaram um cenário em que o presidente vem oscilando em termos de aprovação e se mantém hoje com cerca de 30% de aprovação.

Moura explica que a pandemia impactou a popularidade de Bolsonaro em três aspectos: o posicionamento do presidente diante do avanço da doença; a demissão do ex-ministro Sergio Moro e a criação do auxílio-emergencial.

O economista acompanha a trajetória da avaliação de líderes políticos de 25 países ao longo da pandemia e diz que Bolsonaro é um caso único de perda de popularidade nesse período.

“Os R$ 600 mensais do auxílio emergencial são os grandes responsáveis por manter a avaliação positiva do governo em 30%. Os lavajatistas, que apoiavam o governo até a saída de Moro, foram substituídos por pessoas de classe D e E, moradoras de cidades médias do Brasil. O eixo de apoio a Bolsonaro deslocou-se das grandes cidades e está penetrando nas cidades pequenas e médias”, disse.

Acontece que o auxílio é temporário, algo que, segundo Moura, oito em cada dez beneficiários de cidades do interior ignora. É por isso que o debate sobre a criação de uma renda permanente para a população mais pobre tende a prosperar e se fazer presente entre os temas centrais das...

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