Gestão do ensino e da pesquisa
| Autor | Jayme Paviani |
| Cargo | Professor de Filosofia na Universidade de Caxias do Sul. Autor dos livros Problemas da Filo-sofia da Educação (7. ed.), Interdisciplinaridade: conceito e distinções, entre outros. Profes-sor convidado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUCRS |
| Páginas | 71-77 |
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A formação científica de profissionais, de cidadãos comprometidos com a melhoria da vida e da sociedade, especialmente em nível universitário, é de máxima importância para o desenvolvimento do país e condição necessária para a sobrevivência das instituições de ensino ou institutos de pesquisa. O desenvolvimento nacional está ligado à produção de novos conheci-
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mentos, à independência tecnológica e à criação de uma consciência crítica frente à cultura e à vida das comunidades.
No entanto, a educação de nível superior não pode ser examinada isoladamente, como fenômeno autônomo, independe do problema, ainda mais grave, da educação fundamental. Por isso, antes de resolver problemas como o do acesso à universidade, da expansão artificial de vagas, é necessário investir na educação das crianças, na qualificação da educação primária.
Vista a educação em sua totalidade, a questão de sua prioridade é antiga, repetitiva e vergonhosa, pois os governos e a sociedade não sabem ou não querem priorizála como elemento desencadeador do desenvolvimento nacional em todos os seus aspectos.
Nesse cenário, reafirmado o pressuposto da necessidade de uma verdadeira política educacional, um dos problemas urgentes é o da preparação de professores e de condições de ensino nas escolas. Mas, tudo isso requer empenho político e a correspondente capacidade gerencial dos assuntos educacionais e científicos, pois um dos problemas centrais do sistema educacional brasileiro é o da falta de gestores do conhecimento e da educação. Em todos os níveis de ensino, observase uma incapacidade de gerenciar os aspectos específicos da educação e da formação científica de profissionais. Confundese, via de regra, administração geral, com a administração específica de projetos educacionais, de programas de formação e de produção científica.
A escola não é uma fábrica, nem a universidade um shopping para se pensar apenas em mercado de trabalho e nos aspectos externos da administração do processo educacional. É necessário e até urgente pensar nas implicações gerenciais ligadas aos atos de ensinar, de aprender, de pesquisar, de transformar informações em conhecimentos úteis.
Normal Gall diz algo que precisa ser repetido, gravado, publicado e novamente repetido para que o assunto não perca a nossa atenção: "A educação é o desafio que ou o Brasil resolve ou terá seus problemas eternizados". E acrescenta numa outra passagem de sua entrevista: "O fato de que os brasileiros mais pobres tenham uma média de apenas 3,4 anos de escolaridade é chocante. Mas, para mim, mais chocante ainda, que 20% dos mais ricos tenham apenas 10,3 anos de escolaridade. Uma elite com tão pouca instrução não será capaz de operar uma sociedade complexa" (Veja, 01/02/2006). Essas palavras falam por si. São suficientemente esclarecedoras em seu caráter de denúncia.
A falta de compromisso da sociedade e dos governos com a educação acarreta uma série de deficiências. Falase no despreparo dos professores, na falta de recursos financeiros, etc., mas poucos se dão conta de que tudo isso é o resultado de um problema de gestão. Raramente se menciona a incapacidade de gerenciar a educação, por isso é hora de novamente insistir:
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educação não é apenas ensino, nem formação profissional é apenas informação. Educação e formação profissional, hoje, mais do que no passado, situamse numa perspectiva de concepção global.
Essa ausência de profissionais preparados para administrar a educação tornase evidente nos gastos com a educação. No Brasil, diz Gal, o gasto com um aluno do curso primário é de um quinto em comparação com o que se gasta na GrãBretanha. Mas o Brasil gasta com o...
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