Fotografia entre confronto e arte.

AutorBaltar, Luiz
CargoMOSTRA FOTOGRAFICA

Em recente entrevista para o blog Entretempos, um fotografo frances da agencia Magnun Antoine D'Agata disse:

A melhor maneira de conhecer o mundo e confrontando-o, confrontando os outros. Tomando alguma atitude de risco. Esquecemos que a fotografia e explorar o mundo e mudar o entendimento sobre ele. Nao sabemos muito, nao sabemos nada no final, e com o pouco que sabemos temos de inventar um destino mais digno possivel. Vivemos em uma epoca na qual somos desencorajados a pensar a cidade como uma realizacao coletiva ou como um territorio em disputa constante. O Estado, as grandes corporacoes e o capital dominam a cidade e a transformam em um lugar de producao de lucro em vez de um lugar para se viver. Somos levados a acreditar que nao existe outra possibilidade. Entao nos vemos impotentes, insatisfeitos e sem saida. Fotografando comecei a explorar e mudar a percepcao que tinha sobre o mundo. Acredito na fotografia como forma de expressao ativista e critica, e com ela quero estabelecer um dialogo com as questoes sociais, sobretudo no que diz respeito ao olhar sobre a cidade. Dedico uma grande parte da minha producao a documentar as varias maneiras de lutar pelo direito a cidade e busco refletir sobre algumas questoes contemporaneas com as minhas imagens.

Comecei em 2009, fotografando o processo de remocoes forcadas e as ocupacoes militares em diversas comunidades e favelas do Rio de Janeiro. Descobri que, com a fotografia, podia ser um militante social ativo sem fazer parte de partidos ou organizacoes politicas, simplesmente registrando e disponibilizando imagens para proporcionar maior visibilidade e empatia as causas ou, nas ocupacoes militares, inibindo violacoes de direitos com a presenca de uma camera registrando a acao.

No entanto, nao basta fotografar um assunto para que ele seja compreendido. Temos que lidar com a percepcao condicionada pela grande midia, com os estereotipos que marcam os moradores de territorios populares. Ai vem o maior desafio: mostrar, expor, desconstruir e dar visibilidade. Com o tempo percebi que, tanto do ponto de vista estetico quanto do ponto de vista documental, era preciso buscar uma perspectiva diferente para retratar e, principalmente, criar empatia entre o espectador e os meus temas. Por isso, aos poucos fui rompendo com a estetica narrativa do fotojornalismo e com sua pretensao de retratar a verdade. A realidade e subjetiva e e melhor compreendida pelas emocoes.

Na edicao de imagens que fiz para essa...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT