Gases e vapores inflamáveis

AutorTuffi Messias Saliba
Ocupação do AutorEngenheiro Mecânico. Engenheiro de Segurança do Trabalho. Advogado. Mestre em Meio Ambiente. Ex-professor dos cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Diretor Técnico da ASTEC ? Assessoria e Consultoria em Segurança e Higiene do Trabalho Ltda
Páginas85-99

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Os gases e os vapores podem oferecer risco de explosão dependendo das condições do ambiente de trabalho, da concentração, da quantidade de oxigênio, das fontes de ignição, entre outros. Desse modo, cada tipo de gás ou vapor apresenta concentração em percentual passível de provocar explosão, sendo a avaliação desse risco feita por meio de determinação dos limites de explosividade.

6.1. Limite de explosividade ou inlamabilidade

Em alguns locais coninados onde existiam líquidos inlamáveis, poderão ocorrer misturas que talvez gerem atmosfera explosiva. São deinidos dois limites:

— Limite Inferior de Explosividade (LIE): É a menor concentração de uma substância presente no ar a qual poderá formar uma mistura inlamável, capaz de provocar explosão, em contato com uma fonte de ignição. São normalmente valores baixos, cerca de 5% ou inferior.

— Limite Superior de Explosividade (LSE): É a maior concentração de uma substância que, misturada com o ar, forma uma mistura inlamável. Acima desse valor, não existe risco de explosão por insuiciente concentração de comburente.

Uma mistura abaixo do limite inferior é considerada pobre, e uma mistura acima do limite superior é considerada rica, sendo mistura ideal a compreendida entre o LIE e o LSE. A faixa de risco de explosão encontra-se na mistura ideal, conforme esquema a seguir.

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A tabela a seguir mostra alguns exemplos de limites de explosividade.

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A avaliação do risco de explosividade é feita por meio de explosí-metro. Esse equipamento normalmente determina 10% a 50% do valor do limite de explosividade, dependendo da marca e do modelo. Existem diversos tipos de explosímetros no mercado, sendo que alguns determinam conjuntamente além da explosividade o teor de oxigênio e a concentração de alguns gases, como monóxido de carbono, gás sulfídrico, entre outros. A Figura 9 (item 4.4) mostra um tipo de explo-símetro.

Cabe salientar que esses equipamentos devem ser calibrados e certiicados em laboratórios especializados. Segundo a NR-33, no monitoramento dos espaços coninados, deve-se testar os equipamentos de medição antes de cada utilização e utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme, calibrado e protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências de radio-frequência. Além disso, essa norma determina ainda que as medições iniciais devem ser realizadas fora do espaço coninado.

Na emissão do PET — Permissão de Entrada e Trabalho, a NR-33 determina que deverá ser monitorado, entre outros, o teor de oxigênio e o limite inferior de explosividade.

6.2. Áreas classiicadas

A identiicação e classiicação das áreas com possibilidade de formação de atmosfera explosiva visam à adoção de medidas preventivas, incluindo o nível de proteção dos equipamentos elétricos a serem utilizados em cada área.

A formação de mistura de explosiva pela presença de gases, vapores depende da fonte de escape, frequência e duração.

A norma ABNT NBR IEC 60079-10-1:2009 estabelece que a atmosfera explosiva de gás é a mistura com o ar de substâncias inlamáveis na forma de gás ou vapor, a qual, após a ignição, permite a autossustentação de propagação da chama. Além disso, estabelece que, embora uma mistura que possua concentração acima do seu limite superior de explosividade (LSE) não seja uma atmosfera explosiva de gás, esta pode rapidamente se tornar explosiva e, em certos casos para os objetivos de classiicação de áreas, é recomendável que seja considerada uma atmosfera explosiva de gás, além de existirem alguns gases que são explosivos com a concentração de 100%.

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6.2.1. Zonas de classiicação

A classiicação das áreas de atmosfera explosiva por gás ou vapor é feita por três zonas:

a) Zona 0 (escape contínuo de liberação)

Área na qual uma atmosfera explosiva de gás está presente continuamente ou por longos períodos ou frequentemente. Exemplos: superfície de um líquido inlamável com respiro permanente para atmosfera ou que esteja aberto para a atmosfera, por períodos longos ou continuamente.

b) Zona 1 (escape primário)

Área na qual uma atmosfera explosiva de gás é provável de ocorrer em condições normais de operação. Exemplos: selos de bombas, compressores ou válvulas, pontos de coleta de amostra, válvulas de alívio, caso seja esperada liberação de material inlamável para atmosfera, quando em funcionamento normal.

c) Zona 2 (escape secundário)

Área na qual uma atmosfera explosiva de gás não é provável de ocorrer em condições normais de operação, mas, se ocorrer, irá persistir somente por um curto período. Exemplos: idem anterior, quando a liberação de material inlamável não é prevista de ocorrer em condi-ções normais.

Observação: Uma fonte de risco pode dar origem a uma das três zonas de risco, ou a uma combinação de mais de uma delas.

Vale ressaltar que as normas ABNT IEC 60079-10-1 não deinem objetivamente critério para deinir a geração contínua, intermitente ou ocasional de gás ou vapor.

6.2.2. Extensão das zonas

Segundo a ABNT NBR IEC 60079-10-1:2009, a extensão das zonas depende da distância estimada e calculada sobre a qual uma atmosfera explosiva de gases inlamáveis exista antes que se possa dispersar no ar para uma concentração abaixo do limite inferior de explosividade, com um fator de segurança. Assim, ao contrário da poeira explosiva, não são ixados valores de distância a partir do ponto de escape do gás ou vapor, vez que, para sua dissipação na atmosfera, vários parâmetros devem ser analisados, tais como:

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— taxa de liberação de gás ou vapor;

— LIE (Limite inferior de explosividade);

— Densidade...

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