Gerente-geral do BIS critica mercado de finanças descentralizadas e defende papel dos bancos centrais

O gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Agustín Carstens, afirmou ver “um grande abismo” entre visão e realidade no caso das chamadas “finanças descentralizadas” (DeFi, na sigla em inglês). Em palestra durante a evento nesta terça-feira (18) promovido pelo Instituto de Lei e Finanças (ILF) da Universidade de Frankfurt, Cartens afirmou que o ambiente das DeFi tem sido “usado principalmente para atividades especulativas”, e reforçou o papel dos bancos centrais para a estabilidade e regulação dos sistemas monetários globais.

“Os bancos centrais têm sido e continuarão a ser as instituições melhor posicionadas para prover confiança na era digital”, disse Carstens. Ele ressaltou que “um bem público como o dinheiro precisa de supervisão tendo em mente o interesse público”.

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Em sua apresentação, o diretor-geral do BIS - instituição considerada o “banco central dos bancos centrais” - afirma que os BCs conseguiram se adaptar constantemente às mudanças tecnológicas, econômicas e sociais. “É por isso que os bancos centrais estão engajados ativamente com a inovação digital, desenvolvendo infraestruturas, sistemas de pagamentos rápidos e moedas digitais”. No entanto, segundo ele, “alguns desenvolvimentos recentes podem ameaçar a essência do dinheiro como um bem público, se levados longe demais”.

Carstens traçou três cenários. O primeiro envolve as chamadas “stablecoins” (moedas digitais estáveis) de grandes empresas de tecnologia, que “competem com moedas nacionais e contra elas próprias, fragmentando o sistema monetário”.

“As grandes empresas de tecnologia fizeram contribuições importantes para os serviços financeiros. Seus novos e inovadores produtos permitiram que centenas de milhões de novos usuários ingressassem no sistema financeiro formal”, afirmou Carstens. Segundo ele, as chamadas “big techs” também alcançaram relevância sistêmica em várias economias importantes. “Por exemplo, as grandes empresas de tecnologia fornecem 94% dos pagamentos móveis na China. Essa tendência pode acelerar se uma dessas empresas criasse um ecossistema dominante e fechado em torno de sua própria empresa global.”

Uma vez estabelecida, uma empresa provavelmente “erguerá barreiras contra novos entrantes, levando a dominância, concentração de dados e menos concorrência”, alertou. “Sua ‘stablecoin’ pode desintermediar bancos incumbentes, colocando em risco a estabilidade financeira”, prosseguiu.

“Além disso, se uma ‘stablecoin’ de grande...

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