Integração e cooperação entre Nações

AutorMárcio Vidal
Páginas155-171
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INTEGRAÇÃO E COOPERAÇÃO
ENTRE NAÇÕES32
Introdução
Pensadores contemporâneos, de todos os domínios do conheci-
mento, quais arautos dos tempos globais, anunciam alhures, por meios
diversos, antes impensáveis e que não se esgotam nos diferentes canais
midiáticos, as mudanças, as transformações, em ritmo alucinante.
Tudo muda? O que não muda? O pré-socrático Heráclito de Éfe-
so, que viveu por volta do século VI a.C., responderia: o eterno vir a
ser, ou o devir. Segundo seu entendimento sobre a “ousia”, tudo está
em permanente mudança... O que não muda: o permanente estado de
mudança... Segundo ele, “tudo muda exceto a própria mudança…” É
o paradoxo!
Há, por isso, similitude entre aquilo que sofre mudanças, constan-
temente, e aquilo que, pelo paradoxo, determina a superação de estados
anteriores. As mudanças aceleradas levam a que mal se divulgue uma no-
vidade, ato contínuo, está superada. Bons exemplos disso encontram-se
nas novas tecnologias. A cada momento, novo engenho supera aquele
32 Ref‌lexões em torno de diversas nuances atuais da História da América Latina.
ações e pa l a v ra s
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que mal acabou de ser criado, construído, divulgado e distribuído, tudo
em ato contínuo.
É essa a lógica econômica, tecnológica e pragmático-f‌ilosóf‌ica que
subjaz ao constante aprimoramento da ciência, de que resulta a sof‌isticação
tecnológica, proporcionada pela “fórmula mágica”, inesgotável, da mola
propulsora das permanentes, eternas, perpétuas e rápidas mudanças. É a
versão tecnológica da conhecida af‌irmação greco-heraclítica: ninguém se
banha duas vezes nas águas de um mesmo rio.
A sociedade atual, do mundo globalizado, em que é possível a co-
municação, em tempo real, de um a outro lado do planeta e até fora dele,
não comporta mais ações isoladas, nações fechadas em si mesmas, segre-
gação, isolamento. Dentro desta nova realidade, as palavras de ordem são
interação e cooperação, porque, neste contexto, o indivíduo não mais é
cidadão apenas de seu lar, de sua família, de seu bairro, de sua cidade ou
de seu país, mas do restante do planeta e quiçá de outras galáxias.
As distâncias encurtaram no tempo e, paradoxalmente, embora a
Terra não tenha provavelmente perdido massa e persistam suas imensas
dimensões, dentro desta nova realidade, cada vez mais mutável, até pa-
rece que ela f‌icou menor, porque chega-se rapidamente ao outro lado,
pelos modernos meios de transporte, tanto na realidade factual, quanto
na realidade virtual, pelos modernos meios de comunicação.
A mídia eletrônica, pela rede mundial, permite a comunicação em
segundos e, agora, também livres dos f‌ios, os sinais de comunicação via-
jam pelo espaço, em todas as direções. Diante deste quadro, do ponto de
vista tecnológico, as barreiras, inclusive as sonoras, podem ser superadas,
sem maiores dif‌iculdades.
Os muros a serem ultrapassados são os culturais, políticos e eco-
nômicos, cuja remoção implica mudanças em terrenos de muita resis-
tência, porque, se é verdade que a cultura impulsiona a ciência e a
tecnologia, igualmente constata-se que a recíproca não é inteiramente
verdadeira. As barreiras culturais são mais resistentes, ainda que, no
processo de aculturação, haja possibilidade de acomodação, pela convi-
vência dada pela tolerância às diferenças.

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