Investigando a gestao do desempenho ambiental.

AutorGupta, Vipin

1 Introducao

Um dos principais dilemas para a gestao do desempenho ambiental e a presenca de externalidades (Tirole, 2008). O meio ambiente como recurso e um bem publico; portanto, os custos de seu esgotamento sao compartilhados coletivamente, mesmo que a conversao dos produtos dos recursos ambientais traga beneficios privados. Da mesma forma, os beneficios de seu acumulo sao compartilhados coletivamente, mesmo que os custos desse acumulo sejam privados (Goodstein, 2011). Uma maior consciencia ambiental, no entanto, tem ajudado a promover a conscientizacao sobre esse assunto. A sociedade tem se conscientizado e responsabilizado as empresas pela exaustao dos recursos ambientais e as recompensado pelo seu acumulo, por meio, por exemplo, de relacionamentos preferenciais, multas e premios (Hoffman & Nembhard, 2014). As empresas tambem se tornaram mais conscientes, promovendo a transparencia em relacao a sua responsabilidade ambiental, reconhecendo sua responsabilidade pelo esgotamento, desenvolvendo recursos para diminuir o esgotamento e aumentar o acumulo, mesmo que a custos mais altos, reconhecendo as capacidades ambientais e os custos dos investimentos nessas capacidades como custos basicos do negocio, e educando seus clientes para que paguem o repasse desses custos e sustentem o que chamamos de "gestao do desempenho ambiental".

Neste trabalho, seguindo os fundamentos das teorias de gestao estrategica (como de Drnevich & Kriauciunas, 2011; Duncan & Barrett, 2007; Eesley & Roberts, 2010; Hart, 1995; Teece, Shuen & Pisano, 1997; Zott, 2003), propomos que as variacoes entre empresas na gestao do desempenho ambiental sao uma funcao dinamica da motivacao e das capacidades da empresa. As empresas principais, mais poderosas e duradouras, tem maior motivacao estrutural, comportamental, cognitiva e emocional para a gestao do desempenho ambiental. Por serem mais visiveis e proeminentes, elas tem mais a perder com a exclusao social e, portanto, tem maior probabilidade de demonstrar aversao a perda (Kahneman & Tversky, 2000; Krishnan & Kozhikode, 2015). A questao e se elas tambem tem maior capacidade. Como detentoras de posicoes predominantes, e provavel que tenham mais recursos e, possivelmente, mais folga organizacional para investir no desenvolvimento de capacidades para a gestao do desempenho ambiental. No entanto, se elas nao se concentraram no desenvolvimento dessas capacidades no passado, talvez precisem contar com fontes externas. Considerando que as capacidades de gestao do desempenho ambiental estao se tornando diferenciais criticos (Hoffman & Nembhard, 2014), talvez nao seja possivel obter essas capacidades de outras empresas proeminentes, que irao protege-las, pois sao a base de seu modelo de negocio estrategico.

Mesmo entre as empresas menos proeminentes, menos poderosas e mais jovens, as capacidades para a gestao do desempenho ambiental podem ser bastante fortes (Hofmann, Theyel & Wood, 2012). Algumas dessas empresas podem ser especialistas e defensoras do meio ambiente, que optaram por aplicar suas capacidades de gestao do desempenho ambiental a mercados ou setores especificos. A defensora do meio ambiente Tesla, por exemplo, optou por investir na industria automobilistica. As capacidades de desempenho ambiental podem ser distribuidas de maneira bastante heterogenea entre as empresas menos proeminentes. Algumas podem ter mais capacidades ambientais do que a compensacao que conseguem receber do mercado e estar dispostas a comercializar suas capacidades ambientais adicionais. Outras podem ter custos operacionais abaixo da mediana e serem colaboradores potenciais para as empresas proeminentes adquirirem produtos e servicos verdes. Obviamente, muitas empresas nao proeminentes podem nao ter capacidades ambientais suficientes nem custos operacionais abaixo da mediana e, portanto, podem nao ser participantes viaveis do mercado global comum.

Considerando os participantes viaveis do mercado global comum, duas das taticas disponiveis para uma empresa proeminente desenvolver capacidades para a gestao do desempenho ambiental e negociar os recursos verdes complementares de outras empresas (proeminentes ou menos proeminentes), ou fazer com que essas outras empresas atendam as suas necessidades de recursos verdes competitivos como insumos intermediarios. Nos as chamamos de taticas de comercializacao de capacidades complementares e de servicos de recursos competitivos, respectivamente. Uma terceira tatica e as empresas investirem no desenvolvimento de suas proprias capacidades de desempenho ambiental, se esses investimentos forem complementares as suas capacidades principais. As decisoes de gestao do desempenho ambiental das empresas serao uma funcao dinamica da condicionalidade que molda os beneficios e custos dessas diferentes taticas.

Neste trabalho, usamos o metodo de primeiros principios para derivar ontologicamente a condicionalidade dinamica da gestao do desempenho ambiental de uma empresa. Na filosofia, "Primeiros Principios" e sinonimo de metodo axiomatico ou ontologico. Um primeiro principio e uma proposicao basica, fundamental e autoexplicativa, que nao depende de nenhuma outra suposicao. Na matematica, o metodo de primeiros principios e tambem conhecido como metodo delta, pois nos ajuda a avaliar a mudanca no valor da condicionalidade, como uma funcao da mudanca no valor de uma variavel de decisao, a um valor constante de uma co-condicionalidade. Apos apresentar as equacoes algebricas para a condicionalidade dinamica, demonstramos evidencias empiricas exploratorias dos principais fatores que influenciam a gestao do desempenho ambiental, ou o que chamamos de programacao verde, usando uma amostra da pesquisa de 2015 com pequenas e medias empresas da China. Especificamente, aplicamos os axiomas propostos para demonstrar por que um motivo forte de maximizacao do lucro pode competir com o objetivo da programacao verde. A gestao do desempenho ambiental e prejudicada quando as empresas operam sob a doutrina de Milton Friedman sobre maximizacao do lucro, tendo isso como unico objetivo (Friedman, 1962). Por fim, discutimos as implicacoes gerenciais e de pesquisa.

2 Revisao da literatura

Para definir o contexto da nossa analise ontologica, primeiramente analisamos a literatura existente e emergente e destacamos as condicoes pertinentes para a gestao dinamica do desempenho ambiental.

A literatura existente sobre empresas proativas voltadas a questao ambiental e orientada por tres grandes teorias. Em primeiro lugar, uma teoria predominante da legitimidade social para a orientacao verde proativa como em concordancia com as normas de responsabilidade social (Suchman, 1995). O endosso das partes interessadas a legitimidade social permite que uma empresa traduza sua orientacao verde proativa em desempenho verde acima do normal, por meio de dois caminhos: (1) Caminho do servico. As partes interessadas que fornecem legitimidade formativa a uma empresa tem menos probabilidade de impedir comportamentos com orientacao verde, em prol do lucro normativo. Por exemplo, as partes interessadas reguladoras--como investidores, mentores e guias--podem fornecer nao apenas os recursos, mas tambem alavancagem politica a empresa, capacitando-a para se engajar no consumo compensatorio como uma cidada responsavel. (2) Caminho da comercializacao. As partes interessadas que comercializam a legitimidade formativa de uma empresa sao mais propensas a compensa-la pelos comportamentos com orientacao verde, mitigando assim as trocas com o lucro normativo. Por exemplo, as partes interessadas do mercado--como mao de obra, fornecedores e clientes--podem obter beneficios de reputacao por terem um espirito de inovacao tecnologica, se trabalharem em rede com empresas com orientacao verde.

Em segundo lugar, uma teoria dominante da identidade institucional do desempenho verde como discordante das normas de eficiencia de mercado (Grossman & Kreuger, 1991). A identidade institucional do desempenho verde como um efeito de negociacao dos investimentos preferenciais das partes interessadas reguladoras pode limitar a sustentabilidade do desempenho verde, devido a duas forcas. (1) Forcas de investimento. As partes interessadas do mercado podem ver o desempenho verde transformador (supranormal) de uma empresa como um sinal de trocas invisiveis e inerentes com o desempenho no mercado e, consequentemente, impor uma pressao informal sutil sobre a empresa para elevar suas aspiracoes de desempenho no mercado. Por exemplo, elas podem incitar as empresas a aplicarem um multiplicador de risco politico nao sistematico em suas decisoes de investimento. (2) Forcas das capacidades. As partes interessadas reguladoras podem ver o lucro transformador (supranormal) das empresas que possuem uma orientacao verde formativa constante como um sinal de trocas invisiveis e inerentes com a responsabilidade social e, consequentemente, impor uma forte pressao formal sobre a empresa para autorregular seu lucro. Por exemplo, elas podem fortalecer os padroes das capacidades por serem identificadas como orientadas para o verde, de forma a aumentar os custos institucionais de conformidade das empresas verdes lideres proativas.

Em terceiro lugar, uma teoria decisiva referente a sobrevivencia das empresas com desempenho verde como discordante das normas de adequacao de selecao regulatoria (Porter & van der Linde, 1995). A sobrevivencia daquelas com desempenho verde como efeito dos servicos das partes interessadas do mercado pode lancar duvidas sobre a adequacao das forcas de selecao regulatoria, sob duas condicoes. Primeiramente, a Condicao de troca. As partes interessadas do ecossistema alternativo podem ver a presenca normativa das empresas com desempenho verde como um sinal invisivel da abundancia da capacidade de fatores verdes do ecossistema alvo e, portanto, podem tentar trocar seus recursos alternativos (regulatorios e de mercado) para negociar essas capacidades verdes. Elas...

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