Itaú eleva previsão de déficit primário para 11% do PIB

O Itaú Unibanco piorou sua estimativa para o déficit primário brasileiro em 2020, de 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para 11%, chegando a R$ 800 bilhões, segundo relatório divulgado hoje. Para 2021, a projeção passou de um déficit de 2,2% do PIB para 2,5% (R$ 200 bilhões).

A piora na previsão para este ano decorria da expectativa de que o auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais fosse prorrogado por mais dois meses a valores menores, de R$ 300 — mas o governo já anunciou que manterá em R$ 600. No cenário do Itaú, o impacto fiscal das medidas de combate aos efeitos do coronavírus alcançaria 7,8% do PIB (R$ 565 bilhões).

“Além disso, para os dois anos, com o desemprego mais elevado, as receitas do governo também terão um crescimento menor do que esperávamos anteriormente”, diz o relatório. O banco revisou sua projeção para a taxa de desemprego ao fim de 2020 de 14% para 16,6% e, ao fim de 2021, de 13,7% para 16,2%.

Para o Itaú, a dívida bruta deve alcançar 92% do PIB em 2020 e 90% do PIB em 2021, ante 76% do PIB em 2019. “No caso de piora fiscal adicional, a retomada da economia ficaria ainda mais prejudicada, e a manutenção da taxa de juros próxima às mínimas históricas poderia ser inviabilizada”, afirmam. O Itaú manteve sua projeção para a taxa Selic em 2,25% no fim de 2020 e em 3% no do próximo ano.

Para 2021, o Itaú diz esperar um aumento de gastos sociais da ordem de 0,9% do PIB (R$ 67 bilhões), financiado parcialmente por um aumento da carga tributária de 0,2% do PIB (R$ 20 bilhões). "Do lado dos tributos, o aumento deve focar a tributação de lucros de setores específicos e de alta renda", diz o banco.

O Itaú manteve sua projeção de queda de 4,5% no PIB deste ano, com crescimento de 3,5% em 2021. De acordo com o banco, dados preliminares indicam que a atividade econômica pode ter atingido seu piso em abril e “há sinais incipientes de estabilização da propagação do vírus, embora as incertezas permaneçam”. Segundo Itaú, os principais riscos negativos para seu cenário advêm da evolução e propagação do vírus, que podem inviabilizar a continuidade de uma abertura gradual e ordenada das atividades econômicas ao longo do terceiro trimestre.

O banco afirma que o número de novos óbitos continuou relativamente estável ao longo do mês de junho, mas com uma mudança na sua composição: regiões mais afetadas no primeiro momento, como Norte, Nordeste e Sudeste, tiveram alguma moderação, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste...

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