Os Juízes E A Política Partidária

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas501-502
os juíZEs E a Política Partidária
Há um ou outro magistrado que ingressa na política partidária seja em
cargo eletivo, seja em cargo de conança subordinado a políticos.
J. HERCULANO PIRES, lósofo ligado aos estudos religiosos, apre-
sentou em 1947 uma sugestão referente ao binômio religião-política, que,
acredito, sirva como ponto de partida para a reexão sobre o binômio juí-
zes-política.
Segundo ele, as várias correntes religiosas deveriam trabalhar pela or-
ganização de um movimento amplo, sem qualquer sentido sectarista, com a nalidade de
implantar na Terra os princípios do Reino de Deus. Esse movimento, porém, não seria
um partido político, nem poderia se converter em tal coisa. Aliás, para se libertar dos
partidos, ele teria de se bater, desde o início, pelo registro dos candidatos livres, em todas as
eleições. E enquanto não se conseguisse esse objetivo, desenvolveria um trabalho persistente
de esclarecimento dos eleitores, de maneira a livrá-los da exploração política e da demagogia
partidária.
O ingresso de magistrados em partidos políticos representa sua renúncia
à imparcialidade, tão valorizada por RUI BARBOSA, conforme disse na Oração
aos Moços.
Devemos propugnar pela possibilidade do registro dos candidatos livres, em
todas as eleições, uma vez que os candidatos ligados a partidos políticos se mo-
vimentam dentro de verdadeiras camisas de força dos interesses dos partidos e
seus patrocinadores...
E enquanto não se conseguisse esse objetivo, desenvolveria um trabalho persistente de
esclarecimento dos eleitores, de maneira a livrá-los da exploração política e da demagogia
partidária. O esclarecimento dos eleitores representa um trabalho cujos resul-
tados só ocorrerá a longo prazo, mas seguramente...
A proposta pode parecer utópica para os pessimistas e os maquiavélicos.
Todavia, é necessário que comecemos a concretizar o ideal da cidadania plena.
A acomodação à realidade atual é que nos faz ser o que continuamos a ser
há cinco séculos...
Ao invés de agir cordeiramente, votando em algum candidato simplesmen-
te por falta de melhor opção ou votando em branco ou nulo, devemos exer-
citar a cidadania plena, forçando a realidade para alcançarmos o item qualidade
na política partidária.
Não devemos renunciar à integridade moral em favor das grandes ou
pequenas fatias de poder.
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