O Juiz Dragão

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas452-453
o juiZ draGão
Os defeitos morais, segundo alguns entendidos em Psicologia, podem
resumir-se a três: orgulho, egoísmo e vaidade.
Os homens e mulheres portadores de graves defeitos morais podem
transformar-se, através de um trabalho de conscientização sucedido por um
esforço para agir em sentido construtivo, tornando-se pessoas que muito vão
contribuir para o bem comum, muito mais do que aquelas outras que sempre
pautaram suas atitudes pela moderação.
O verdadeiro perl psicológico de cada um de nós é aquele que está apa-
rentemente sepultado no fundo do nosso psiquismo, mas que se revela em
determinados momentos críticos, quando são atingidos pontos nevrálgicos
da nossa tábua de valores e desvalores.
Há um juiz cujo perl psicológico é o do dragão (conforme ele mes-
mo arma, com toda a humildade que foi adquirindo no seu esforço de
autoanálise e mudança interior). Quando aparecem situações que dicultam
a realização de seus sonhos (geralmente idealistas) sua sionomia mental as-
sume os contornos do legendário dragão, que cospe fogo e tende a espalhar
destruição onde antes tinha semeado ores e frutos.
Conhecendo seu próprio ponto fraco, reconhece que muitas outras pes-
soas padecem dessa deciência, e compreende-as. Tendo diculdade em su-
perar sua própria índole, sabe que as outras pessoas também terão a mesma
diculdade.
Assim pensando, optou pela única forma de solucionar os graves pro-
blemas de desentendimentos interpessoais – principalmente entre pessoas
irascíveis ou insubmissas – que é a Conciliação.
Reúne as partes em audiência, deixa-as com a maior liberdade possível
para dialogarem e encontrarem elas próprias a solução para suas lides. A úni-
ca regra que segue nessas audiências é de colocar nas mãos delas a solução
dos desacertos.
Procura seguir o exemplo de SÃO PAULO, que, de defensor inexível e
insensível da Autoridade Constituída e da Hierarquia, tornou-se paladino do
respeito aos seres humanos e da Fraternidade Universal.
Ninguém melhor que ele para ouvir paciente e afetuosamente as partes
litigantes, olhando-as nos olhos e deixando-as extravasar seu cálice de má-
goas e expectativas ansiosas e, aos poucos, induzindo-as à pacicação.
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