Juros e dólar sobem com risco fiscal no radar de investidores

As incertezas sobre a solidez das contas públicas brasileiras, alimentadas pelas dúvidas envolvendo a volta do auxílio emergencial, provocam impacto nos mercados financeiros nacionais nesta terça-feira. A discussão sobre a retomada do benefício tem se aprofundado nos últimos dias, o que mantém a cautela dos investidores, que esperam apresentações de contrapartidas mais claras no caso de aumento da dívida pública.

Comentários feitos ainda ontem por autoridades sobre o assunto pesam no mercado de juros, em que o temor pelos riscos fiscais fomenta a alta das taxas de longo prazo. O Ibovespa reage a esse movimento e opera em queda desde o começo do pregão. O dólar também responde ao cenário com valorização firme perante o real.

Ontem, o recém-eleito presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), indicou não gostar da ideia de vincular o auxílio emergencial a outros pontos da agenda econômica e ressaltou a importância de que o benefício volte a ser implementado rapidamente. O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista, também disse ontem que deve haver uma prorrogação do programa de transferência de renda.

Por volta das 13h30, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira recuava 0,31%, aos 119.324 pontos, com giro de R$ 10,7 bilhões.

Entre as principais baixas hoje estão Vale ON (-0,21%) em um dia de ajustes no exterior, Petrobras PN (-2,1%) e Petrobras ON (-2,3%) devido ao risco local.

“Os comentários do presidente sobre novos tributos para aliviar combustíveis ainda geram desconforto no mercado e aumentam a volatilidade de curto prazo. O governo não tem como oferecer um benefício sem uma contrapartida”, explica Enrico Cozzolino, analista da Daycoval.

A preocupação com a situação fiscal acaba afetando outras métricas de mercado, como os juros de longo prazo - parte essencial para precificação de ações, principalmente, aquelas mais ligadas a crédito. Hoje, por exemplo, os papéis do setor imobiliário sofrem duras baixas. Por outro lado, as ações de bancos têm um desempenho relativamente positivo.

O momento de desconfiança elevada do mercado quanto às perspectivas para a situação fiscal do Brasil se mostra presente no desenho da curva de juros, diante da alta firme das taxas futuras, especialmente nos vértices de mais longo prazo. Declarações de autoridades favoráveis ao auxílio emergencial, mas sem a necessidade de uma contrapartida do ponto de vista fiscal, pesam no ambiente e ampliam a inclinação da curva.

O movimento nos juros longos hoje é...

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