Juros futuros têm firme alta com riscos fiscais no radar

As incertezas sobre os rumos das contas públicas no Brasil voltam a sustentar a alta dos juros futuros nesta quarta-feira, em um movimento que aumenta o prêmio, com mais intensidade, em taxas de longo prazo. Declarações do presidente Jair Bolsonaro geraram ruído entre os investidores e elevaram a ansiedade sobre decisões que precisam ser tomadas nas próximas semanas sobre a política fiscal.

Ontem, o presidente demonstrou preocupação com impacto do fim do auxílio emergencial em parte da população. Embora o governante estivesse falando sobre o risco de novas medidas de distancionamento social devido à covid-19, os comentários foram interpretados como uma preferência em estender o programa de socorro.

Com isso, as taxas dos contratos de DI operam em firme alta desde cedo, em movimento que também se apoia na desvalorização de moedas emergentes.

Por volta das 12h30, o rendimento do DI para janeiro de 2025, por exemplo, subia de 6,50% no ajuste anterior para 6,63%, depois de tocar 6,67% na máxima do dia.

Na avaliação de Pedro Dreux, sócio e gestor da Occam, o discurso do presidente ontem a tarde relembrou o mercado de quais são as preferências do governo: extensão dos auxílios no primeiro semestre de 2021. As declarações, então, trazem quase um choque de realidade após a melhora recente do mercado, que se apoiou principalmente um cenário externo favorável gerado pela vitória de Joe Biden e avanços com relação a vacina.

“O mercado estava dando o beneficio da dúvida durante essas semanas de silêncio do Bolsonaro, numa crença de que passadas as eleições regionais, a agenda de reformas voltaria a cena. Mas ontem a verdade veio a tona mais uma vez. A piora do mercado hoje é uma incorporação de uma maior probabilidade de medidas extra teto no ano que vem”, alerta o profissional.

De acordo com o estrategista Vinicius Alves, da Tullet Prebon, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de afirmações ontem que elevam a cautela no mercado. Para ele, houve falta de elegância diplomática, o que já impõe cautela. Além disso, demonstrou uma falta de preocupação com a agenda ESG, que é bastante importante no momento e vem sendo bem relevante para fluxos estrangeiros. Já em termos econômicos, deu sinais da dificuldade de tirar o auxílio emergencial.

Ontem, o presidente disse, por exemplo, que “apenas diplomacia não dá. Depois que acabar a saliva tem que ter pólvora. Não precisa nem usar a pólvora...

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