Live do Valor: Putin joga xadrez geopolítico, mas está cruzando linha perigosa, diz especialista

A iniciativa de Vladimir Putin de invadir a Ucrânia é condenável diante dos princípios de autodeterminação dos povos, mas não chega a ser ilegítima a partir da posição geográfica e geopolítica da Rússia, que se vê ameaçada pela expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Leste Europeu. Segundo Danielle Ayres, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é preciso entender como o líder russo vê o seu país no mundo para compreender os seus objetivos.

“Putin é um homem criado e moldado na guerra fria. Ele tem uma percepção sobre o que é a Rússia que é distante do que os mais jovens pensam. Ele tem a ideia da Grande Rússia, influente, capaz de determinar a geopolítica na região da Eurasia”, disse na Live do Valor desta segunda-feira Danielle Ayres, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED) e pesquisadora do think-tank Interagency Institute.

A professora explicou que a invasão à Ucrânia foi motivada por esse desejo de Putin de reconstruir uma Rússia forte e influente no seu entorno, em contraposição à Otan, aliança militar entre EUA e países europeus, além da Turquia. Contudo, a inexperiência do presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, pode ter contribuído para o momento da operação militar iniciada no mês passado.

“Zelensky se elege como um antipolítico e se propôs a fazer tudo diferente do que os antecessores fizeram. Mas, nessa figura, fez um movimento muito prejudicial devido ao entorno estratégico que a envolve”, disse Ayres, ressaltando que o presidente ucraniano tentou se aproximar da União Europeia e da Otan de uma forma que incomodou Putin.

Na análise da professora, a chance do conflito se espalhar para além do território ucraniano é pequena, mas ela chama a atenção para um ataque da Rússia neste fim de semana a um posto militar na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, perto da Polônia - a ação deixou 35 mortos e 134 feridos.

Para a especialista, o objetivo do Exército russo é dificultar a chegada de armamentos que o Ocidente está enviando para ajudar a Ucrânia a combater na parte leste do país, mas uma ação mal calculada, como um ataque mais agudo a Lviv, preocupa. A cidade hoje abriga as representações diplomáticas dos países ocidentais e está bem próxima da Polônia...

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