Mal estar com política arrefece, mas dólar ainda sobe a R$ 5,66

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de elevar a taxação do setor financeiro, veículos e da indústria química para compensar a isenção de impostos federais sobre o diesel e o GLP manteve aceso o desconforto dos agentes com as investidas do governo sobre a economia. Como resultado, o dólar operou em alta forte desde os primeiros momentos de negociação, chegou a tocar R$ 5,7323 no momento mais tenso do dia e obrigou o Banco Central a intervir duas vezes no mercado de câmbio, injetando US$ 2,095 bilhões no mercado à vista. De olho ainda na negociação da PEC emergencial, no entanto, a moeda americana acabou registrando alguma acomodação durante a segunda metade do pregão e encerrou em alta de 1,12%, a R$ 5,6633.

O noticiário sobre a PEC, inclusive, ajudou a melhorar o ambiente de negócios durante a tarde. Após dias vivendo o receio de que o texto pudesse ser fatiado e as contrapartidas fiscais, diluídas, os mercados receberam bem a nova versão da proposta do senador Marcio Bittar (MDB-AC), que mantém intactos os gatilhos fiscais da proposta original, embora outros dispositivos, como a desvinculação dos pisos da educação e da saúde, tenham caído.

“O que proporcionou essa melhora durante a tarde foi a PEC um pouco menos desidratada, o mercado viu que tem uma luz no fim do túnel”, disse um gestor. Ainda assim, ele ressalta que o comportamento visto hoje é “mais um passo rumo à precificação do descontrole ou dominância fiscal. “Tanto que os mercados que mais sofreram foram os de renda fixa e cambio. Aumentou o risco da saída do ministro Paulo Guedes, o risco da pandemia, de intervenção do governo, tudo vai para um mesmo lado”, resume.

O fato de que os primeiros dias de março tenham sido bem agitados pode se mostrar apenas um prévia do que ainda está por vir este mês. Após encerrar fevereiro com um gosto amargo na boca, refletindo a intervenção na Petrobras e ameaças contra outras estatais, investidores aguardam eventos importantes de política econômica e monetária que devem ajudar a calibrar ou mesmo rever o cenário para o restante do ano.

Isso porque o início do ano foi de desconstrução da convicção de parcela importante do mercado sobre premissas otimistas com as quais trabalhava. Se 2020 terminou com a perspectiva de que o pior da pandemia estava para trás, que os fluxos estrangeiros estavam de volta ao Brasil, que a economia estaria começando a andar com as próprias pernas e o governo, tirando de campo os estímulos fiscais, o que se viu até...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT