Modelado de contagio financiero utilizando Cópula

AutorPedro Luiz Valls Pereira - Ricardo Pires de Souza Santos
CargoCEQEF, Sao Paulo, SP, Brasil - EESP-FGV e CEQEF-FGV, Sao Paulo, SP, Brasil
Modelando Cont´
agio Financeiro atrav´
es de
C´
opulas
(Modeling Financial Contagion using Copula)
Ricardo Pires de Souza Santos*
Pedro L. Valls Pereira**
Resumo
O presente artigo tem por objetivo testar a hip´otese de cont´agio entre os ´ındices dos mer-
cados financeiros dos Estados Unidos, Brasil, Jap˜ao e Inglaterra para o per´ıodo de 2000 a
2009. C ´opulasvariantes no tempo foram usadas para captar o impacto da crise do Subprime
na dependˆencia entre mercados. O modelo implementado foi um modelo ARMA(1,0) st-
GARCH(1,2) para as distribuic¸˜oes marginais e c´opulas Normal e Joe-Clayton (SJC) para
a distribuic¸˜ao conjunta. Os resultados obtidos permitem concluir que tanto para a c´opula
gaussiana quanto para a c´opula SJC h´a evidˆencias de cont´agio entre o mercado americano
e o mercado brasileiro. Para os outros dois mercados londrino e japonˆes, as evidˆencias da
presenc¸a de cont´agio entre estes mercados e o americano n˜ao mostraram-se suficientemente
claras em ambas as c´opulas.
Palavras-chave:cont´agio; c´opulas variantes no tempo.
odigos JEL: C10; C12; C13; G10; G15.
Abstract
This article aims to test the hypothesis of contagion between the indices of financial mar-
kets from the United States to Brazil, Japan and England for the period 2000 to 2009. Time
varying copulas variants were used to capture the impact of Sub-prime crisis in the depen-
dence between markets. The implemented model was a ARMA(1,0) st-ARCH(1,2) to the
marginal distributions and Normal and Joe- Clayton (SJC) copulas for the joint distribu-
tion. The results obtained allow to conclude that both for the gaussiana copula and for the
SJC copula there is evidence of contagion between the American market and the Brazilian
market. For the other two markets Londoner and Japanese, the evidence of the presence of
contagion between these markets and the American has not been sufficiently clear in both
copula.
Keywords:contagion; time varying copula.
Submetido em setembro de 2010. Aceito em marc¸ ode 2011. O artigo foi avaliado segundo o
processo de duplo anonimato al´em de ser avaliado pelo editor. Editor respons´avel: Ricardo P. C. Leal.
Os autores agradecem os coment´arios de dois pareceristas desta revista. O segundo autor agradece
financiamento do CNPq e da FAPESP
*CEQEF, S˜ao Paulo, SP, Brasil. E-mail: ricardopss@gmail.com
**EESP-FGV e CEQEF-FGV, S˜ao Paulo, SP, Brasil. E-mail: pedro.valls@fgv.br
Rev.Bras. Financ¸as,Rio de Janeiro,Vol. 9, No. 3, September2011, pp. 335–363
ISSN16 79-0731, ISSN online 1984-5146
c
2011 SociedadeB rasileirade Financ¸as
Santos, R., VallsPereira, P.
1. Introduc¸˜
ao
As medidas de dependˆencia entre mercados financeiros exercem not´avel in-
fluˆencia e s˜ao de extensa aplicac¸˜ao. Autoridades monet ´arias, com a finalidade de
garantir a estabilidade financeira no pa´ıs, monitoram a depend ˆencia entre mercad os
financeiros a fim de avaliar a possibilidade de cont´agio financeiro. A correlac¸ ˜ao
entre mercados nacionais ´e um dos principais elementos para administrac¸ ˜ao de
carteiras internacionais e a diversificac¸˜ao internacional entre mercados permite re-
duzir o risco total dessas carteiras sem, aparentemente, sacrif´ıcios sobre o retorno.
Com a moderna teoria de carteira de Markowitz (1987), a correlac¸˜ao linear
entre ativos passou a assumir uma posic¸ ˜ao fund amentalna c onstruc¸˜ao de carteiras
internacionais, sob o princ´ıpio b´asico que grande parte dos dist ´urbios econ ˆomicos
ao idiossincr´aticos a cada pa´ıs, de modo que os mercados de ac¸˜oes em diferen-
tes pa´ıses devem apresentar, relativamente, baixas correlac¸ ˜oes. Entretanto, se as
correlac¸˜oes entre mercados aumentam ap ´os um choque negativo, i.e. em per´ıodos
onde os benef´ıcios da diversificac¸ ˜ao do risco s ˜ao mais demandados, a evidˆencia do
fenˆomeno cont´agio financeiro pode ser interpretada como contr´aria `a efic´acia da
diversificac¸ ˜ao internacional.
O presente artigo testa a hip´otese de cont´agio financeiro entre quatros merca-
dos selecionados seguindo-se a metod ologia de c´opulas.
O corpo te´orico que abrange tal hip ´otese consiste na identificac¸˜ao dos canais de
transmiss˜ao internacional de choque e na avaliac¸ ˜ao de sua estabilidade durante os
per´ıodos de crise, i.e. da sua intensidade na transmiss ˜ao de choques. No presente
estudo, cont´agio financeiro ser ´a interpretado como um aumento sign ificantivo das
conex˜oes entre mercados ap´os choque em um pa´ıs espec´ıfico.
A vantagem da modelagem do cont ´agio financeiro p or meio de func¸˜oes c ´opulas
´e evidente, uma vez que tomam as medidas de depen dˆencia como protagonista de
seus corpos te ´oricos.
2. Cont´
agio financeiro
De acordo com Edwards (2000), a literatura sobre cont ´agio desenvolveu-se a
partir das crises financeiras da d´ecada de 90, que se espalharam para os pa´ıses
emergentes. Mesmo antes da crise financeira mexicana de 199 5, estudos e investi-
gac¸˜oes relacionados ao tema j´a constitu´ıam parte da literatura econ ˆomica. Em
pesquisa realizada pelo mesmo autor no EconLit para o per´ıodo de 1969-2000,
de 147 estudos onde a palavra “cont´agio” apresentava-se no abstract e/ou t´ıtulo,
apenas 17 datavam de ´epocas anteriores `a 1990.
No que se refere `as principais crises financeiras dos ´ultimos ano s, encontram-
se trabalhos sobre cont´agio aplicados `a crise do M´exico de 1995 (desvalorizac¸˜ao
do peso mexicano em dezembro de 19 94), `a crise asi´atica de 1997 (desvalorizac¸˜ao
da moeda tailandesa em julho de 1997), `a crise russa de 1998 (com a declarac¸˜ao
de morat´oria do pa´ıs em agosto de 1998), `a desvalorizac¸˜ao do Real em janeiro
de 1999, `as quedas das ac¸˜oes das empresas de tecnologia ao fim de 2000, `a crise
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