Perfeição Moral

Páginas713-730
CÓDIGO DE DIREITO NATURAL ESPÍRITA
DISPOSIÇÕES FINAIS
CAPÍTULO I
PERFEIÇÃO MORAL
I  AS VIRTUDES E OS VÍCIOS  (ITENS 893 A 906)
Artigo 288  Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas
são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há
resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a
sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o
bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se
baseia na caridade mais desinteressada.
Prática espontânea do bem
Artigo 289  Há pessoas que fazem o bem por um impulso
espontâneo, sem que tenham de lutar com nenhum sentimento contrário.
São as que já realizaram o progresso: lutaram anteriormente e venceram;
é por isso que os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço e
suas ações lhes parecem tão fáceis: o bem tornou-se para elas um hábito.
Indício mais característico da imperfeição: interesse pessoal
Artigo 290  O indício mais característico da imperfeição é o
interesse pessoal. As qualidades morais são geralmente como a douração
de um objeto de cobre, que não resiste à pedra de toque. Um homem
pode possuir qualidades reais que o fazem para o mundo um homem de
bem; mas essas qualidades, embora representem um progresso, não
suportam em geral certas provas, e basta ferir a tecla do interesse pessoal
para se descobrir o fundo. O verdadeiro desinteresse é de fato tão raro na
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José Fleurí Queiroz
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Terra que se pode admirá-lo como a um fenômeno, quando ele se
apresenta. O apego às coisas materiais é um indício notório de
inferioridade, pois quanto mais o homem se apega aos bens deste mundo,
menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele
prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.
Prodigalidade irrefletida
Artigo 291  As pessoas que prodigalizam os seus haveres sem
proveito real, têm o mérito do desinteresse, mas não o do bem que
poderiam fazer. Se o desinteresse é uma virtude, a prodigalidade irrefletida
é sempre, pelo menos, uma falta de juízo. A fortuna não é dada a alguns
para ser lançada ao vento, como não o é a outros para ser encerrada num
cofre. É um depósito de que terão de prestar contas, porque terão de
responder por todo o bem que poderiam ter feito e não o fizeram; por
todas as lágrimas que poderiam ter enxugado com o dinheiro dado aos
que na verdade não estavam necessitados.
Caridade desinteressada e egoísmo
Artigo 292  Aquele que faz o bem sem visar a uma recompensa
na Terra, mas na esperança de que lhe seja levado em conta na outra vida,
e que naquela a sua posição seja melhor, é repreensível, e esse pensamento
prejudica o seu adiantamento. Pois, é necessário fazer o bem por caridade,
ou seja, com desinteresse. Aquele que faz o bem sem segunda intenção,
pelo prazer único de ser agradável a Deus e ao seu próximo, já se encontra
num grau de adiantamento que lhe permitirá chegar mais rapidamente à
felicidade do que o seu irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo e
não pelo impulso do ardor natural do coração.
Assim, aquele que calcula o que lhe pode render cada uma de suas
boas ações, na outra vida ou mesmo na vida terrena, procede de maneira
egoísta. Mas não há nenhum egoísmo em se melhorar com a intenção de
se aproximar de Deus, pois esse é o objetivo que todos devem ter em
vista.
Conhecimentos científicos que se referem somente às
coisas e necessidades materiais
Artigo 293  Embora a vida corpórea seja apenas uma efêmera
passagem por este mundo, e que o nosso futuro deva ser a nossa principal
ocupação, é útil esforçar-nos por adquirir conhecimentos científicos que se
referem somente às coisas e necessidades materiais: primeiro, porque

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