Mulheres, Negros E Deficientes No Judiciário E A Questão Do Mérito Sem Hipocrisia

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas396-397
MulhErEs, NEGros E dEficiENtEs
No judiciário E a quEstão
do Mérito sEM hiPocrisia
Escrevi, há alguns meses atrás, alguns artigos sobre mulheres, negros
e decientes no Judiciário, dos quais destaco um, intitulado COTAS
PARA MULHERES, NEGROS E DEFICIENTES NO JUDICIÁRIO, e
outro, intitulado AINDA A SUGESTÃO DE COTAS PARA MULHERES,
NEGROS E DEFICIENTES NO JUDICIÁRIO.
De lá para cá, felizmente, alguns progressos se vericaram, pela força
natural do progresso, apenas no que pertine às mulheres.
Por exemplo, no último concurso para ingresso na magistratura mineira,
dos 40 aprovados, 17 são do sexo feminino. Portanto, 42,5% dos aprovados.
Não consegui saber se há, no número desses aprovados, algum negro e
algum deciente. É mais provável que não.
Não se está dizendo que os examinadores tenham eliminado candidatos
negros e candidatos decientes. A lisura dos examinadores está acima de
qualquer suspeita. O problema é, verdadeiramente, social. Os diplomados
em Direito de qualquer uma dessas duas condições normalmente sequer che-
gam a se inscrever nos concursos, por não se sentirem à altura...
Fala-se no mérito para ingresso na magistratura.
Lembre o prezado Leitor de juízes provenientes de famílias destacadas
na magistratura... Não que tenham sido aprovados por causa disso, mas sim-
plesmente tiveram oportunidade de se instruir em excelentes escolas, isso
sem contar a constante inuência benéca da família.
Lembro ao Leitor meu próprio caso como lho de juiz, o que me pos-
sibilitou um meio intelectual muito favorável enquanto meu pai viveu. Para
mim foram 16 proveitosos anos de convivência, apesar das excruciantes di-
culdades nanceiras que eu, minha mãe e meus irmãos passamos a viver
posteriormente...
Para não ferir a suscetibilidade de ninguém que se julgue tão cheio de
mérito, digo a meu próprio respeito. Somente tive bagagem intelectual para
passar no difícil concurso de ingresso porque, desde a infância, tive acesso à
Cultura, enquanto muitos não puderam ingressar na escola, outros estuda-
ram tendo poucos livros em casa, outros tiveram que parar de estudar para
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