Operações especiais: as origens

AutorLucius Paulo De Carvalho
Ocupação do AutorTenente-Coronel da Polícia Militar de Santa Catarina, Comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais - BOPE
Páginas15-64
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2 OPERAÇÕES ESPECIAIS: AS ORIGENS
“Viva sua vida de forma que o medo da
morte nunca possa entrar em seu coração. [...]
Prepare uma canção fúnebre nobre para o dia
quando você atravessar a grande passagem. [...]
Quando chegar sua hora de morrer, não seja
como aqueles cujos corações estão preenchidos
de medo da morte, e que quando a hora deles
chega, eles choram e rezam por um pouco mais
de tempo para viverem suas vidas novamente de
uma forma diferente. Cante sua canção de morte e
morra como um herói indo para casa”.
Tecumseh (1768-1813) - Shawnee War Chief.
Quando falamos de operações especiais, retratamos pequenos
efetivos rigorosamente selecionados, altamente treinados, armados e
equipados com o que de melhor existe (ou o que se pode conseguir)
para o cumprimento de missões extraordinárias, quase impossíveis ao
senso comum. Esses homens, dependendo do ponto vista, são consi-
derados super soldados, às vezes heróis e, por que não, super-heróis?
Entretanto, diferente dos personagens do cinema ou histórias
em quadrinhos, esses seres humanos não têm superpoderes, habilida-
des sobrenaturais, velocidade da luz, invulnerabilidade, capacidade
de moldar realidades e, menos ainda, fortuna e capa. Tais guerreiros
são pessoas normais e com problemas comuns, mas capazes de cum-
prir missões incríveis surgindo de qualquer lugar, seja pela terra, pela
água ou pelo ar, movendo-se com muita velocidade, invadindo men-
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tes, inquietando ou promovendo confusão no adversário, moldando
realidades e retornando às suas famílias quase sempre inquebrantá-
veis e, ainda, com o compromisso de ter de pagar as suas contas.
Eis que se revela, portanto, a pergunta chave para o presente estudo:
como é possível homens comuns cumprirem missões inacreditáveis?
Para elucubração de tal resposta, nada mais conveniente que
uma breve viagem pela história.
2.1 DA ANTIGUIDADE À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
É na Bíblia Sagrada, o livro dos livros, que encontramos o re-
gistro do que é considerada a primeira seleção e missão de operações
especiais. Nada mais conveniente, pois não há operador tupiniquim
que não acredite em Deus. Prova disto, é que nossas principais ora-
ções iniciam com uma súplica ao divino, seja a das Operações Es-
peciais: “Ó poderoso Deus, que és o autor da liberdade e o campeão
dos oprimidos, escutai a nossa prece”; seja a da Caveira: “Só peço a
ti meu Deus, não me deixe perecer”.
Retornando à sagrada escritura, encontramos no Velho Tes-
tamento, em Juízes – Capítulo 7, a maneira pela qual Gideão, com
apenas trezentos homens, venceu o exército dos midianitas. Naquela
época, o povo de Israel estava sendo explorado e escravizado pelos
midianitas, tendo os israelitas clamado ao Senhor pela libertação. Foi
nesse contexto histórico que um Anjo encarregou Gideão de liderar o
exército de Israel contra seus algozes. Gideão convocou um exército
com as tribos locais, somando 32 mil homens. Antes da batalha, Deus
disse a Gideão que o exército de Israel era muito grande e que o povo
poderia sentir orgulho disso, gerando a impressão de que a vitória se-
ria decorrente desse número e não da vontade divina. Então, o Senhor
lhe ordenou que mandasse os covardes embora, reduzindo o exército
para 10 mil homens:
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líderes, libertando o povo de seus opressores.
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