Pandemia aumenta desigualdade no Brasil, mostra levantamento

A pandemia da covid-19 aumentou a desigualdade em todo o mundo, com os mais ricos enriquecendo ainda mais e o total de pobres crescendo. No Brasil, a parcela 10% mais rica que detinha 58,6% da renda nacional em 2019 hoje concentra 59%, segundo o The World Inequality Report 2022, divulgado nesta terça-feira. A metade mais pobre, por sua vez, possuía 10,1% antes da pandemia e hoje concentra 10%.

O documento, elaborado pelo World Inequality Lab, codirigido pelo economista Thomas Piketty, mostra ainda que no Brasil a parcela 1% mais rica é dona de cerca de metade da riqueza nacional. A metade mais pobre detém menos de 1% da riqueza nacional – muito abaixo de vizinhos como a Argentina, onde os 50% mais pobres possuem 6% da riqueza nacional.

O World Inequality Lab, que gerencia o World Inequality Database, utiliza dois conceitos para medir desigualdade: renda e riqueza. O primeiro é a soma de toda a renda recebida por indivíduos de um país, como o salário ao longo de um ano, antes de pagar imposto de renda. A riqueza é a soma de valores de todos os ativos detidos por indivíduos em um país, o estoque de acumulação de capital, como poupança e rendimentos.

Atualmente, mostra o levantamento, as desigualdades no Brasil são mais altas que nos EUA, onde os 10% mais ricos capturam 45% da renda nacional, ou na China, onde essa parcela mais rica detém 42%.

Na América Latina, o Brasil é o segundo país mais desigual depois do Chile, onde os 10% mais ricos detêm 58,9% da renda total. Em ambos os países, porém, os 10% mais ricos ganham 30 vezes mais do que os 50% mais pobres – na Argentina e no Canadá essa proporção é de 13%, nos EUA, de 17%, na França, 6%.

No grupo das 20 maiores economias do mundo, o G-20, o Brasil também ocupa o segundo lugar na lista dos mais desiguais, atrás somente da África do Sul. No país africano, a parcela dos 10% mais ricos possui 66,5% da renda nacional e ganha 60 vezes mais do que a metade mais pobre.

No ranking mundial, o Brasil é o 11º mais desigual, atrás de Chile, África do Sul, República Central Africana, Moçambique, Namíbia, Zâmbia, Guiné Bissau, Botsuana, Zimbábue, Iêmen.

Ainda que seja muito cedo para uma compreensão sistemática do impacto da crise na desigualdade de renda e riqueza por conta da falta de informações, afirmam os autores do documento, alguns dados de alta frequência ajudam a entender os efeitos da covid sobre a desigualdade. “Entre 2021 e 2019, a riqueza dos 0,001% do topo cresceu 14%, enquanto a riqueza...

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