Pós-pandemia trará oportunidade de inserção em cadeias de suprimento, diz Roberto Azevêdo

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, acredita que o cenário de pós-pandemia, apesar de desafiador, trará oportunidades no que diz respeito à inserção do Brasil nas cadeias globais de suprimento. Segundo ele, a covid-19 deixará um legado de aceleração de tendências, como a digitalização da economia. Nesse sentido, Azevêdo afirma que haverá espaço para mudanças.

“É um mundo que oferece muitos desafios para o Brasil, mas também oportunidades. Estamos falando de diversificação das cadeias de suprimento. Está na hora de o Brasil entrar mais ainda nas cadeias de suprimento. Na área agrícola e de agronegócio, não resta dúvida de que o Brasil já é um grande player, mas na área não agrícola nem tanto”, disse Azevêdo, que nesta quarta-feira participou de um evento on-line organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

“Tanto na área de serviços quanto de produtos industrializados, semimanufaturados, acho que o Brasil pode se colocar melhor para isso. Evidentemente, tem que aumentar sua produtividade. É um desafio muito grande que não tenho como dar as soluções, mas é uma oportunidade que pode ser aproveitada”, acrescentou.

Azevêdo, que está à frente da OMC desde 2013, considera que, do ponto de vista econômico, a atual crise é muito importante pela profundidade com que ela se coloca, pela profundidade dos choques simultâneos de oferta e demanda que acontecem de forma repentina, generalizada e com efeitos em todas as grandes economias mundiais.

Ele lembrou que o Banco Mundial prevê recessão mundial de 5,2% neste ano, da mesma magnitude da recessão global de 1932, ápice dos efeitos da crise de 1929. “Esse mesmo estudo do Banco Mundial prevê para o Brasil uma recessão de 8%”, ressaltou. “Esse número é dramático, para dizer o mínimo”, afirmou, acrescentando que o país já vinha crescendo pouco, depois de alguns anos de recuo do Produto Interno Bruto (PIB).

Azevêdo disse que projeções feitas pelos economistas ligados à OMC mostram, no cenário mais otimista, uma queda de 13% no volume do comércio global deste ano. No mais pessimista, com o prolongamento da crise, o recuo poderá chegar a 32%, patamar que, segundo ele, aconteceu no acumulado de três anos após a quebra da Bolsa de Nova York em 1929.

“Acho que não vamos chegar aí. Tenho esperança de que fiquemos em torno de [uma queda] de 13%, que foi mais ou menos...

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