Prefácio

AutorDr. Cristiano Chaves de Farias
Ocupação do AutorPromotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia Mestre pela Universidade Católica do Salvador ? UCSal
Páginas15-18
Prefácio
adMiráveis reflexões nOvas Para uM
adMirável MundO nOvO
Tratar da morte não é um assunto corriqueiro em uma sociedade
que cultua fundamentalmente a vida, muita vez, em seus aspectos me-
ramente materiais.
A morte é tratada com menoscabo e como uma impiedosa vilã.
Aqui, convém a lembrança da obra As intermitências da morte, do lusita-
no
José sArAMAgo
. No liv ro, o saudoso literata português, merecidamente
galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura, sempre sarcástico e irônico,
critica o comportamento da sociedade contemporânea, apresentando as re-
ações de diferentes setores da comunidade (Igreja, imprensa, economistas,
funerárias, casas de pensão, hospitais, seguradoras, famílias com moribun-
dos em casa...) à situação de uma vida sem morte (SARAMAGO, José, As
intermitências da morte, São Paulo: Companhia das Letras, 2005).
No belíssimo texto, apresenta-se uma localidade na qual a morte,
simplesmente, deixou de ocorrer, mantendo vivas todas as pessoas, in-
clusive os pacientes terminais, criando uma multidão de moribundos.
Uma das frases é signicativa: “no dia seguinte ninguém morreu”.1Assim,
1 É imperdível a passagem em que bem se retrata o assunto abordado: “então ela, a
morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor vi-
oleta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deix-
ar, sobre o piano, metida entre as cordas do violoncelo, ou então no próprio quarto,
XV
Book Hildeliza Lacerda.indb 15 06/08/2015 17:29:29

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