Presidente do BC diz que inflação medida pelo IPCA em março foi uma 'surpresa'

A inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março foi uma surpresa, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento promovido por Traders Club (TC) e Arko nesta segunda-feira.

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Ele destacou as altas observadas nos preços dos combustíveis, vestuário, alimentação fora do domicílio. “Estamos analisando essas surpresas”, comentou. “Nossa inflação está muito alta, núcleos estão muito altos, temos comunicado com transparência”, afirmou.

Há fluxo de entrada de recursos no país, mas parte da melhora do câmbio ainda não está refletida nos preços e índices de inflação, avaliou. “A pergunta é se isso pode se interromper com movimento mais alto de juros nos EUA”, disse. “A resposta se dá mais na forma como isso for feito.”

Crédito tem apresentado melhora sustentável e o fiscal no curto prazo tem apresentado melhora, disse. O importante é que foi possível conter gastos em ambiente de inflação, afirmou.

A surpresa fiscal se reflete ao longo da curva, comentou. Campos Neto também disse que a parte longa da curva tem inflação, mas que "temos discutido bastante crescimento estrutural brasileiro".

Câmbio teve apreciação e o real tem sido a melhor moeda do G-20 no acumulado do ano, disse Campos Neto. “Teve uma realocação saindo da China, entrando em outros países, não só no Brasil”, comentou. Ele destacou como vantagens do Brasil: a surpresa fiscal positiva, BC pró-ativo, nova realidade de inflação mundial e empresas brasileiras operam bem nesse ambiente inflacionário.

A guerra trouxe impactos diferentes sobre o país. Na parte de grãos, em real, o preço está estável ou caindo, disse. “Não gera pressão inflacionária, porque o câmbio mais do que compensa.” Por outro lado, o impacto da guerra sobre combustíveis é altista.

Ele comentou que a valorização do real ainda não entrou em algumas contas. “Olhando as estimativas que recebo do mercado de inflação, é que algumas casas ainda têm câmbio em R$ 5,25, R$ 5,30, R$ 5,35”, comentou. “Mesmo que fluxo não continue tão forte, não tem trajetória de reversão.” Pode haver impacto dos juros nos EUA, destacou.

Houve uma fase em que os preços dos serviços eram o ponto mais relevante para a inflação, mas hoje a autoridade monetária olha para outras coisas, disse o presidente do Banco Central. “A difusão é das mais altas que já tivemos”, comentou.

“Achamos que parte do trabalho de juros que fizemos (elevação) vai ter forte impacto nos próximos trimestres”, disse...

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