Relações com a China são desafio para sucessor de Abe no Japão

Yoshiyuki Kasai, chefe de longa data da maior linha de trem-bala do Japão, diz que a aliança de Tóquio com os Estados Unidos vem em primeiro lugar e a China precisa ouvir essa mensagem. Se Pequim não gostar, afirma ele, azar.

Hiroaki Nakinishi, diretor da federação empresarial mais poderosa do país, acha essa atitude contraproducente. Após um longo trabalho para construir laços com os chineses, a avaliação é que o governo japonês se dará bem em qualquer posição.

Os pontos de vistas conflitantes de dois dos principais líderes empresariais do país, cada um deles com diferentes pesos políticos, indicam o desafio que Yoshihide Suga, o próximo primeiro-ministro do Japão, terá que enfrentar ao assumir o cargo na quarta-feira após vencer as eleições internas do Partido Liberal Democrata (LPD) para suceder Shinzo Abe.

Abe construiu uma forte amizade com Donald Trump, ao mesmo tempo que melhorou os laços com a China ao fazer uma série de visitas a Xi Jinping. Mas seu sucessor provavelmente terá mais dificuldade em manter esse equilíbrio nos próximos anos.

Suga é muito menos experiente em relações internacionais, tendo se limitado a ajudar Abe na construção dos laços com os dois países enquanto esteve ao seu lado no governo. Questionado sobre sua posição em relação à China em um debate no último sábado, o futuro premiê desconversou.

O dilema enfrentado por Suga é compartilhado por aliados dos EUA em todo o mundo, como a Alemanha, que dependem do poderio militar americano para se proteger, enquanto buscam na China o crescimento desejado para suas economias.

Japão e outros aliados dos EUA concordaram em não usar equipamentos da Huawei nas redes de 5G. As sanções americanas, porém, estão atingindo empresas japonesas que fornecem componentes para a Huawei.

Além disso, fechar negócios com a China está ficando mais complicado, como a fabricante de bebidas Kirin Holdings descobriu em agosto, quando a Austrália proibiu a venda de uma subsidiária do grupo para uma companhia chinesa.

“Estamos entrando em uma fase bastante difícil”, disse o chefe de estratégia corporativa da Toshiba, Masaharu Kamo, citando riscos à segurança nacional. “Temos de olhar para cada item que é negociado com a China para saber se isso terá um efeito em nossa empresa.”

A economia japonesa está profundamente integrada à chinesa. As exportações, que totalizaram quase US$ 140 bilhões em 2019, têm ajudado o Japão a se recuperar da crise provocada pela covid-19 e estão em 2020 acima dos...

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