"Saúde Mental e drogas em tempos de pandemia: contribuições do Serviço Social".

AutorSilva, Evelyn Melo da

ALMEIDA. Magali da Silva. Prefácio. In: GOMES, T. M. da S.; PASSOS, R. G.; DUARTE, M. J. de O. (Orgs.). Saúde mental e drogas em tempos de pandemia: contribuições do Serviço Social. Uberlândia: Navegando

Publicações, p. 13-22, 2020

Esta resenha tem por objetivo apresentar o livro "Saúde Mental e Drogas em Tempos de Pandemia: Contribuições do Serviço Social" produzido por pesquisadores (as) do Serviço Social, docentes e discentes, profissionais da saúde mental e drogas, partindo do contexto pandêmico e considerando os desdobramentos da contrarreforma do Estado, com o advento do ultraneoliberalismo, ultraconservadorismo e do bolsonarismo. Os artigos tratam de questões vividas, pensadas e/ou analisadas na efervescência do tempo presente para uma contribuição crítica sobre as alternativas e resistências frente a barbárie reproduzida nas políticas de saúde mental e drogas.

Tendo como referência central as particularidades da formação social brasileira nas dimensões do debate de saúde, doença, saúde coletiva, saúde mental, drogas, pandemia, Serviço Social e política pública, a análise crítica da produção e reprodução das relações sociais do Brasil recente, é estruturada considerando também, o colonialismo e os desdobramentos da escravização de africanos na diáspora brasileira.

Para tanto, no prefácio do livro, a autora Magali Almeida (2020) fala sobre colonização, sequestro de negros africanos e os confinamentos - e processos de migração - dessa população no Brasil, bem como, problematiza como isso afeta radicalmente a saúde mental da população negra contribuindo para um sofrimento de herança colonial. Com isso, as tensões existentes no trato relacional da saúde mental, do uso abusivo de drogas e a população negra, ficam evidenciadas na história e nos desdobramentos da Reforma Psiquiátrica Brasileira e mais recente, no processo de "remanicomialização do cuidado em saúde mental" (GUIMARÃES E ROSA, 2019).

A segunda parte do livro intersecciona raça, gênero e classe para pensar a saúde mental e as drogas a partir dessas categorias. A primeira parte já traz um panorama das políticas de saúde mental e drogas no Brasil e na América Latina. Já as duas últimas partes dão ênfase ao Serviço Social, primeiro a um debate teórico construindo perspectivas críticas do debate em questão, e depois, focado no trabalho profissional das assistentes sociais, pensando os desafios postos na contemporaneidade.

Com os ajustes neoliberais orquestrados pela agenda acelerada da contrarreforma do Estado, o cenário político e econômico brasileiro denota o desmonte dos serviços públicos, a reconfiguração das políticas sociais com tendências a burocratização do acesso e a precarização nos serviços prestados. O ano de 2016 marca a emergência do ultraneoliberalismo com o impeachment da presidenta Dilma - golpe parlamentar - e o teto de gastos instituído pela Emenda Constitucional 95 no governo Temer (passando do desfinanciamento para subfinanciamento das políticas sociais nos campos da saúde, educação e assistência) que escancara o cenário de desproteção social no Brasil e aprofunda a lógica privatista nas políticas de saúde.

O ultraconservadorismo e o autoritarismo aliados a decadência da racionalidade - como projeto - tomam materialidade com a aparição da família Bolsonaro nas disputas presidenciais e sua vitória em 2018.

O bolsonarismo se desenvolve por tendências revisionistas da história para justificar, naturalizar ou negar acontecimentos bárbaros na...

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