Segunda entrevista com o ministro Nelson Jobim

AutorFernando Fontainha - Christiane Jalles - Leonardo Sato - Fabrícia Guimarães
Páginas152-239
152 História Oral dO supremO VOLUME 9
Segunda entrevista com o
ministro Nelson Jobim
PROJETO > História Oral do Supremo (1988-2013)
ENTREVISTADO > Nelson Azevedo Jobim
LOCAL > Sala de Entrevistas – CPDOC FGV, Rio de Janeiro
ENTREVISTADORES > Fernando Fontainha, Christiane
Jalles, Leonardo Sato, Fabrícia Guimarães
TRANSCRIÇÃO > Lia Carneiro da Cunha
DATA DA TRANSCRIÇÃO > 08 de agosto de 2012
CONFERÊNCIA FIDELIDADE > Leonardo Sato, Amanda Oliveira
DATA DA CONFERÊNCIA > 17 de setembro de 2013
DATA DA ENTREVISTA > 08 de agosto de 2012
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NELSON JOBIM
Definição de cargo a ocupar no início do governo FHC;
atuação como ministro da Justiça do governo FHC
(1995-1997); políticas de combate ao tráfico de drogas
com o governo dos EUA.
 Eu queria começar, Nelson, da
seguinte maneira, por onde a gente parou na última sessão. Nós
falávamos de como que teria sido o seu ingresso, como que te-
  
Ministério da Justiça.
 Final do governo Itamar, aposentava-
se o ministro... Eu não me recordo quem, alguém completava
setenta anos, e o Fernando Henrique era candidato a presi-
   
se a aposentadoria desse ministro, eu fui conversar com o
Fernando, dizendo que eu tinha interesse em, eventualmente,
entrar para o Supremo. Aí, o Fernando me disse que o Itamar
iria nomear o Maurício Corrêa para a substituição... Eu não
me lembro se era o Brossard, era o Brossard, Paulo Brossard,
que tinha saído. Ia nomear o Maurício Corrêa. Aí, o Fernando
[riso contido], que estava com um por cento de pesquisa, disse:
“Mas eu vou ganhar a eleição, aí, lá adiante, a gente examina
esse assunto”. Passou. Eu tinha rompido com o meu partido...
Rompido com o partido não, eu tinha rompido com o candidato
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do PMDB, o Fernando Henrique e, por isso, não fui candidato à
reeleição. Cancelei a minha inscrição como candidato à reelei-
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do, via o Eduardo Jorge Caldas Pereira, manda me chamar, e eu
vou. Eles alugavam... Normalmente, em Brasília, eles alugam
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casa no Lago. E, aí, o Fernando me convida para ir para o Mi-
nistério da Justiça. Convidou para o Ministério da Justiça, evi-
dentemente eu aceitei. E, depois, houve algum problema qual-
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quer no meio do caminho, ele então... Eu recebi um telefonema
do Eduardo para que eu fosse para o Ministério... para que eu
fosse para o Ministério das Relações Exteriores; que ele estava
tendo algum problema e que precisava resolver, e eu serviria
de coringa naquela hipótese. Aí, eu disse: “Ah, tudo bem. Não
tem problema nenhum. Então vamos para o outro”. Mas, de-
    
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com a composição do Ministério das Relações Exteriores. E, aí,
eu entrei para o Ministério da Justiça. Aliás...
 O senhor já tinha se imaginado mi-

 Não, não. Eu nunca... Eu tenho um hábito, digamos, eu
sempre achei melhor não fazer projeto. Se tu faz projeto, tu
cria problema, porque os teus projetos acabam não se realizan-
do. Então, eu deixo as coisas acontecerem. Aquela história do
samba, né? “Deixa a vida me levar”. Então, as coisas vão indo.
De vez em quando, tu dá “um pitaco aqui, um pitaco ali”, que é
o caso, por exemplo, dessa conversa que eu tive com Fernando
sobre o Supremo. Mas tudo era eventual, não era algo neces-
sário, não era alguma coisa que fosse buscar. E eu aprendi isso
desde a infância, porque eu tive um amigo, muito amigo meu,
que era o tipo do sujeito que só tinha projetos. Então, o sujeito
que só tem projetos tem um problema sério: ele nunca está sa-
tisfeito com o lugar que ele está. Ele está num lugar querendo
ir para outro. Aí, ele chega no outro, ele já quer ir para outro
e não consegue fazer coisa nenhuma naquilo onde está, mas
só montar esquema para mudar de lugar. E acaba não dando
certo. Então, eu acabei achando que era muito mais cômodo
e... digamos, era muito mais fácil viver dessa forma do que vi-
ver através de projetos. Aí, eu fui para o Ministério da Justiça.
Aliás, quando houve... Só uma parte, anterior. Quando houve
a primeira crise, a primeira mudança do governo Collor, de

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