Servidores Públicos De Boa-Vontade

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas605-606
sErVidorEs PÚblicos dE boa-VoNtadE
Conta-se que habitava nas proximidades de um oásis um velho lósofo, o
qual sempre conversava amistosamente com os viandantes.
Certo dia, foi abordado por um mercador que lhe perguntou se as pessoas
ali eram boas ou ruins, sendo que o velho, ao invés de responder, devolveu-lhe
a pergunta, dizendo: – Como são as pessoas do seu país? A resposta foi que as
pessoas de lá eram egoístas, maldosas e traiçoeiras. Então, o velho respondeu: –
As daqui também. O estrangeiro disse: – Então, não carei aqui. E foi embora.
Daí a pouco o velho foi interrogado por outro estrangeiro, repetindo-se
a história anterior, apenas que o novo viandante armou que seus conterrâ-
neos eram fraternos, generosos e leais, ocasião em que o lósofo retrucou
que seus concidadãos também o eram. Assim, o estrangeiro manifestou a
intenção de passar a viver ali.
Depois que aquele estrangeiro se afastou, um jovem, que tinha acompa-
nhado a sequência dos fatos, manifestou estranheza e quis saber o porquê da
duplicidade de opiniões do velho, ao que este respondeu: – O primeiro, que
classica todo mundo de egoísta, maldoso e traiçoeiro só nos trará proble-
mas, enquanto que o outro, que vê todos com bons olhos, será uma excelente
aquisição para nossa comunidade.
É preocupante quando alguém se manifesta contrário às ideias mais hu-
manitárias, como a Lei Maria da Penha e as cotas para negros e índios. Essas
pessoas pensam demais em manter seus privilégios e não permitem que aqueles
cujas chances de melhorar de padrão social, nanceiro e cultural são mínimas
venham a disputar as vagas normalmente ocupadas pelos aquinhoados da Sorte.
A igualdade entre homens e mulheres, no nível mundial, deverá ocorrer
somente daqui a alguns séculos, o mesmo se dizendo quanto aos negros e
índios, se estes últimos não desaparecerem completamente...
Quando ingressam no Serviço Público, pessoas elitistas como essas são
uma ameaça potencial para os cidadãos em geral e um prejuízo real para
quem precisa da sua escassa boa-vontade.
Cada um enxerga a paisagem exterior de acordo com a cor das lentes
que usa e cada um observa o mundo, as pessoas e os acontecimentos confor-
me seu próprio perl psicológico.
O pessimista da historieta seria um tropeço para a vida dos habitantes
do oásis, enquanto que o homem generoso seria mais um a somar esforços
pela melhoria geral.
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