Similitudes y divergencias en el desarrollo de las inteligencias multiples en un curso de ciencias contables: un estudio comparativo entre cursos, grupos y generos.

AutorAnita Walter, Silvaria

Similaridades e Divergências no Desenvolvimento das Inteligências Múltiplas de um Curso de Ciências Contábeis: um comparativo entre cursos, turmas e gêneros

Similarities and Differences in Development of Multiple Intelligences in a Course of Accounting Science: a comparison among courses, classes and genders

1 INTRODUÇÃO

Como alternativa à concepção de inteligência baseada em quantificação de Quoeficiente de Inteligência (QI), tem-se a proposta de Howard Gardner sobre as inteligências múltiplas (IM). Esta proposta consiste em uma visão mais pluralista da mente, a qual reconhece muitas facetas diferentes e separadas da cognição, como também verifica que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes (GARDNER, 1995).

Segundo Antunes (1999), embora o discurso pedagógico tradicional ainda use a palavra inteligência na caracterização de "indivíduos inteligentes ou pouco inteligentes", já se afasta o conceito de uma inteligência única e geral. Neste sentido, ganha espaço a convicção de Gardner e de uma grande equipe da Universidade de Harvard de que o ser humano é dotado de IM que incluem as dimensões lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, naturalista, intrapessoal e interpessoal.

Para Gama (1998), Gardner sugere que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal. Ainda para o mesmo autor, Gardner propõe que se pense nessas habilidades organizadas verticalmente e que, em vez de uma faculdade mental geral, como a memória, há a possibilidade de existirem, em cada área ou domínio, formas independentes de percepção, de memória e de aprendizado com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente com uma relação direta. Assim, acredita-se que cada pessoa tenha um conjunto de inteligências ou habilidades e não uma inteligência apenas.

Gardner, em sua teoria, propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências e que possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. Isto sugere que, além de nascer com várias inteligências, os indivíduos possuam algumas potencialmente determinadas pelo ambiente cultural no qual são socializados, dependendo das condições, dos valores e oportunidades disponíveis na sociedade, das reflexões, da criatividade e das decisões, incluindo o ambiente de trabalho (GAMA, 1998; GREEN et al., 2005; WELLER, 1999).

Transpondo a teoria das IM para a esfera educacional, constata-se que existe, atualmente, uma grande preocupação com o ensino-aprendizagem no sentido de se determinar como as pessoas aprendem; por que algumas têm mais facilidade do que outras na resolução de problemas comuns/corriqueiros do cotidiano em sala de aula e na vida pessoal/profissional; por que algumas conseguem obter muito sucesso em uma área e pouco sucesso em outra; e o que é "ser inteligente" (ANTUNES, 1998; MORAES; TORRE, 2004; MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2000).

A teoria das IM, de Gardner, vai ao encontro da preocupação descrita, pois apresenta subsídios para que o professor conheça as inteligências mais marcantes de seus alunos e a menos desenvolvida, o que torna possível, por conseguinte, desenvolver ou estimular aquela habilidade ou inteligência que ainda não está plenamente desenvolvida. Da mesma forma, o professor, sabendo qual inteligência predomina em sua sala de aula, pode desenvolver trabalhos que levem os alunos a aprenderem/ assimilarem com mais facilidade o conteúdo e ferramentas que melhorem a aprendizagem daqueles com maior dificuldade de assimilação.

Dado o contexto apresentado, realizou-se a presente pesquisa visando a responder à seguinte pergunta de pesquisa: Existem divergências no desenvolvimento das IM do curso de Ciências Contábeis em relação a outros, bem como entre as turmas e os gêneros que justifiquem a proposição de estratégias de ensino específicas para o referido curso? Assim, teve-se como objetivos: a) identificar se existem divergências no desenvolvimento das IM nos cursos de Administração, de Geografia, de História e de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Marechal Cândido Rondon, em relação ao curso de Ciências Contábeis da mesma instituição, que justifiquem a proposição de estratégias de ensino específicas para o curso de Ciências Contábeis; b) identificar se existem divergências no desenvolvimento das IM entre as turmas do curso de Ciências Contábeis que justifiquem a proposição de estratégias de ensino específicas para as turmas; c) identificar se existem divergências no desenvolvimento das IM entre os gêneros do curso de Ciências Contábeis que justifiquem a proposição de estratégias de ensino específicas para os gêneros.

Estudos voltados à educação já analisaram, anteriormente, o desenvolvimento das IM. Com foco em alfabetização, podem-se citar os estudos de Dantas e Aquino (2007) e StivaLTaurae Maia (2008), sendo que os primeiros analisaram o uso de softwares educativos na ativação das IM como uma alternativa de ensino-aprendizagem e os últimos realizaram um estudo que propõe o estabelecimento de um método educativo que utiliza as IM por meio da capacitação contínua dos educadores.

No Ensino Superior, têm-se os estudos de Walter et al. (2006), que analisaram o desenvolvimento das IM em cursos de Administração, contudo, sem investigar as divergências entre diferentes cursos. Ainda no Ensino Superior, encontrou-se o estudo de Kõskal e Yel (2007) que investigaram os efeitos do ensino de biologia baseado nas IM em relação ao sucesso acadêmico dos estudantes, às atitudes dos acadêmicos para com o curso e ao processo pedagógico comparado à abordagem clássica de ensino.

Dessa forma, este estudo preenche uma lacuna teórica existente na área, visto que não foram identificados estudos que avaliassem as inteligências múltiplas de estudantes de cursos de graduação em Ciências Contábeis.

Para atingir os objetivos propostos, fundamentam-se, na seção 2, as IM; na seção 3, descreve-se o método utilizado; na seção 4, se fazem as análises e a discussão dos resultados; e, na seção 5, apresentam-se as considerações finais e sugestões para futuras pesquisas.

2 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

As IM incluem as dimensões lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, naturalista, intrapessoal e interpessoal (GARDNER, 1994). Para Gardner (1994), a inteligência lingüística está relacionada às linguagens faladas, significados e relações entre palavras. Armstrong (2001) define esta inteligência como a capacidade de manipular a sintaxe ou a estrutura de linguagem, a semântica ou os significados da linguagem, e as dimensões pragmáticas ou os usos práticos da linguagem. Esses usos podem incluir a retórica (usar a linguagem para convencer os outros a seguirem um curso de ação específico); a mnemônica (usar a linguagem para lembrar informações), a explicação (usar a linguagem para informar) e a metalinguagem (usar a linguagem para falar sobre ela mesma).

A inteligência lógico-matemática refere-se ao pensamento dedutivo e ao raciocínio, aos números, aos pensamentos abstratos, à precisão e à estrutura lógica. Segundo Antunes (1999), está associada à competência em desenvolver raciocínios dedutivos, em construir cadeias causais e lidar com números e outros símbolos matemáticos. Armstrong (2001) inclui a sensibilidade a padrões e relacionamentos lógicos, afirmações e proposições (se-então, causa-efeito), funções e outras abstrações. O mesmo autor ainda esclarece que os tipos de processo utilizados a serviço da inteligência lógico-matemática incluem: categorização, classificação, inferência, generalização, cálculo e teste das hipóteses.

A inteligência espacial tem relação com o sentido da visão, a observação minuciosa, a metáfora, o pensamento visual, as imagens mentais e a habilidade de formar figuras tridimensionais na mente. Conforme Antunes (1999), essa inteligência está diretamente associada a pessoas que percebem de forma conjunta o espaço e o administram na utilização e construção de mapas, plantas e outras formas de representações planas. Armstrong (2001) complementa afirmando que essa inteligência envolve sensibilidade à cor, à linha, à forma, à configuração e ao espaço, bem como sensibilidade às relações existentes entre esses elementos, incluindo, ainda, a capacidade de visualizar, de representar graficamente idéias visuais ou espaciais e de orientar-se em uma matriz espacial.

A inteligência musical, em consonância com Antunes (1999), representa um sentimento puro na humanidade e está ligada à percepção formal do mundo sonoro e ao papel desempenhado pela música. Igualmente, revela desempenho elevado em algumas pessoas extremamente sensíveis à "linguagem" sonora do meio ambiente e capazes de transportar esses sentimentos para suas composições. Antunes (1999) considera que essa inteligência inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia e timbre de uma peça musical, podendo o indivíduo ter um entendimento figurai ou "geral" da música (global e intuitivo), um entendimento formal ou detalhado (analítico e técnico) ou ambos.

A inteligência corporal-cinestésica (motricidade) se relaciona ao movimento físico, ao controle do corpo e de objetos, ao tempo e ao conhecimento/sabedoria do corpo. ParaAntunes (1999), é o uso dos movimentos de maneira altamente diferenciada e hábil, para propósitos expressivos, como na linguagem gestual, e se apresenta muito nítida em pessoas que não necessitam elaborar cadeias de raciocínios na execução de seus movimentos corporais.

Uma das últimas competências destacadas por Gardner e não presente em suas primeiras obras, conforme destaca Antunes (1999), é a inteligência naturalista que, como o próprio nome indica, está ligada à compreensão do ambiente e da paisagem natural, como também a uma afinidade inata dos seres humanos com outras formas de vida e identificação, entre os diversos tipos e espécies, plantas e...

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