Vão ser 2 anos de taxas muito altas no Brasil e isso é bom para a renda fixa, diz Mansueto

A chance de a inflação no ano que vem ficar acima do intervalo de confiança da meta é de 100%, segundo Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual. Mesmo com as desonerações fiscais costuradas entre governo federal e os entes estaduais, o banco projeta que o IPCA encerre o ano entre 7,5% e 8%.

No painel "A Hora e a vez da renda fixa", do evento BTG Talks da instituição, o especialista disse que o ciclo de aumento de juros pelo Banco Central (BC) está próximo do fim e haverá, provavelmente, mais uma alta da Selic, com a taxa ficando em 13,75% ao ano por um bom tempo. Se tudo correr bem no pós-eleição, só a partir do segundo semestre de 2023 é que os juros de curto prazo da economia voltariam a ser cortados, chegando à casa dos 11% em dezembro.

"Vão ser dois anos de taxas muito altas no Brasil e isso é bom para a renda fixa", comentou. Pelo seu cenário, só em 2024 é que o país começará a conviver com inflação mais baixa, com o IPCA caminhando para os 5,5%. "Mas para isso é preciso que o governo ganhe a confiança do mercado e mostre qual vai ser a nova âncora fiscal ao longo dos próximos anos, qual a política econômica para colocar a dívida pública numa sequência de queda, ano a ano. Hoje, não dá para responder a partir de qual momento os preços vão cair de forma consistente."

Enquanto os juros de curto prazo, definidos pelo Banco Central (BC), norteiam os custos que o Tesouro Nacional paga para financiar a dívida pública, as taxas longas, que são o preço dado pelo mercado para as empresas levantarem recursos pelos próximos cinco, dez ou 20 anos, seguem elevadas, disse. Esse é o preço da incerteza, porque não se sabe qual a estratégia de ajuste fiscal do governo brasileiro no próximo ano, seja lá quem vai ocupar o cargo após a eleição de outubro. "As coisas caminham juntas. Se aumentar o risco fiscal, se não ficar claro que há responsabilidade, aumenta o prêmio de risco e leva a juros de longo prazo maiores, à desvalorização do câmbio, é um cenário desafiador com impacto no curto prazo."

O ano de 2023 deve ser de juros altos e baixo crescimento e a sua previsão é que o PIB tenha expansão zero. "É assim que a política econômica funciona, é um momento de dor para acalmar a economia."

Para Stefanie Birman, sócia e estrategista do BTG Pactual, ainda não é hora para assumir posições em títulos prefixados. Embora o BC deva encerrar o atual ciclo de aperto no mês que vem, o cenário para inflação segue adverso A especialista disse esperar um...

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