Zico, 'craque do Maracanã', transformou pecha em elogio

Artilheiro do velho estádio superou desconfiança e inveja dos paulistas e se consagrou no gramado do 'Maior do Mundo' o principal jogador da história do Fla>>Renato mauricio pradorprado@oglobo.com.brArtilheiro. No Maracanã, Zico marcou 333 dos 826 gols da carreira. Ele foi artilheiro no estádio em 1975 (30 gols), 1977 (27 gols) e 1978 (19 gols)Ari Gomes/Placar/07-05-1989Ivo GonzalezVestiário do ginásio da Gávea (na época, o único do clube), após o treino do time de vôlei do Flamengo. O ano era o de 1971; o mês, julho. Buscava eu uma toalha, quando vislumbrei nosso roupeiro encolhido num canto, radinho de pilha colado ao ouvido, desligado do resto do mundo. Me aproximei e ele sussurrou, com um sorriso largo: "O Zico está estreando no time de cima!"Claro, todo atleta rubro-negro sabia quem era o Zico. O lourinho da minha idade que fazia a torcida chegar mais cedo ao Maracanã, só para assistir às suas diabruras, nos jogos do campeonato juvenil, disputados nas preliminares. Ele era a grande esperança da maior torcida do país, que vivia anos difíceis, de amplo predomínio do Botafogo, do Fluminense e até do Bangu - o último título do Fla tinha acontecido em 1965.Naquela noite, o Fla venceu o Vasco por 2 a 1, e o gol da vitória foi do desengonçado Fio Maravilha, em passe de Zico. Simbólico: o início da carreira de um e o (próximo) fim da história folclórica do outro. Prenúncio de troca de guarda. Estava chegando a era dos craques de verdade. Mas não tão rapidamente...Lançado por Joubert, Zico foi devolvido aos juvenis quando Zagallo assumiu, em 1972, ano em que o Flamengo voltaria a ser campeão, com um time em que pontificavam Paulo César Caju e o argentino Narciso Doval. Naquela temporada e na seguinte, chegou a fazer alguns jogos entre os profissionais, mas foi a partir de 1974 que se firmou de vez, assumindo a camisa 10, que tinha sido de Dida, o grande artilheiro que era o seu ídolo.Ir ao Maracanã deixou de ser, então, para os rubro-negros, sinônimo de sofrimento, como vinha sendo na maior parte dos anos 60 e início dos 70. Bem ao contrário, virou certeza de prazer.Antes de me tornar jornalista, vi Zico campeão pela primeira vez em 1974. O time nem era tão bom, mas a dupla de ataque formada por ele e pelo Diabo Louro Doval enchia os olhos. E havia ainda Geraldo Assoviador no meio-campo. Um jovem de imenso talento, como Zico, e que, infelizmente, morreria dois anos mais tarde numa simples operação de amígdalas.Já como repórter, em 1976, eu estava atrás do gol...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT