Apresentação

AutorRogério F. Guerra
Páginas291-292
APRESENTAÇÃO
Este ano é especial para a comunidade da Universidade Federal de Santa Catarina, pois
é o ano que comemoramos os 50 anos de sua existência. Ela surgiu a partir da
aglutinação de seis unidades de ensino, a saber: Faculdade de Direito, Faculdade
Catarinense de Filosofia, Faculdade de Ciências Econômicas de Santa Catarina,
Faculdade de Farmácia e Odontologia de Santa Catarina, Faculdade de Medicina de
Santa Catarina e Faculdade de Serviço Social (Lei 3849, 18 de Dezembro/1960). O
projeto e os olhos voltados para o futuro deram uma configuração especial à
universidade, pois novos professores foram contratados em regime de dedicação
exclusiva, a pesquisa científica foi devidamente valorizada e surgiu uma escola de
engenharia. Foi uma feliz conjugação de esforços dos anti gos pioneiros, entre os quais
Henrique da Silva Fontes (1885-1966) e João David Ferreira Lima (1903-78).
O sonho desses idealistas foi descrito em alguns textos na seção “Memórias
Universitárias” de RCH, mas vale à pena relembrar os comentários de Carlos Humberto
Pederneiras Correia acerca do cenário em que nasceu a UFSC. O bairro Trindade
abrigava a Fazenda Experimental Assis Brasil e o terreno tinha sérios problemas de
drenagem; o acesso era difícil e todos viviam a reclamar das condições. As festas
promovidas na antiga Faculdade de Filosofia movimentavam alunos e professores, mas
não ultrapassavam as 20h00min; as estradas eram de barro e os ônibus só funcionavam
até este horário. O campus tinha muitos riachos e o local era bastante freqüentado por
lavadeiras de roupas, as quais entravam nos ônibus com trouxas enormes, às vezes com
porcos e galinhas; elas não gostavam dos alunos e professores, pois entendiam que eles
pertenciam a outro mundo, ocupavam propositadamente todos os assentos e olhavam
com cara feia aos estranhos. Atualmente, o campus universitário ocupa a parte central
de uma região densamente povoada e com graves problemas de congestionamento
viário. Os riachos desapareceram nas tubulações subterrâneas, as lavadeiras de roupas
desaparecem do local e, infelizmente, temos que conviver com a fumaceira dos
automóveis; a sinfonia da passarada ainda se faz ouvir, mas o desafio é detectá-la no
meio dos barulhos da modernidade. Esses relatos foram oferecidos por Carlos
Humberto num texto dedicado ao seu ex-professor, o saudoso Oswaldo Cabral
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Os problemas iniciais foram resolvidos e a universidade se instalou no bairro Trindade,
de acordo com as recomendações do desembargador Fontes. Todos reconheciam que ele
era o candidato natural a ocupar a Reitoria, mas os entraves da legislação federal
impediram a sua nomeação. Muitas universidades européias e americanas contam com
dirigentes longevos, pois o que é valorizado é a competência, mas Fontes já tinha
ultrapassado os 70 anos por ocasião da instalação da UFSC (12 de Março/1962) e,
portanto, havia caído na “expulsória”. Fala-se muito em autonomia universitária, mas
até hoje as instituições federais de ensino não tem autonomia para se desembaraçar
desses entraves, tampouco a atual escassez de recursos permite a valorização de projetos
de grande porte.
O livro UFSC 50 anos trajetórias e desafios (2010) acrescenta valiosas informações
sobre a história da nossa instituição. Ele foi organizado por Roselane Neckel e Alita
Diana C. Küchler e, sem dúvida nenhuma, será consulta obrigatória aos futuros
interessados no assunto. Cumpre apontar que o momento também é marcado por um
sentimento de tristeza, pois perdemos a valiosa presença de Carlos Humberto. Ele era
professor aposentado da UFSC, ocupava a presidência do Instituto Histórico e

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