Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) contra a COVID-19: contribuições das universidades públicas brasileiras

AutorAna Maria Nunes Gimenez
CargoUniversidade de São Paulo,Instituto de Estudos Avançados
Páginas1-22
Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v. 19, p. 01-22, jan./dez. 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1807-1384. DOI: https: //doi.org/10.5007/1807-1384.2022.e86962
Artigo
Original
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (CT&I) NO
ENFRENTAMENTO À COVID-19: CONTRIBUIÇÕES DAS
UNIVERSIDADES BLICAS BRASILEIRAS
Science, Technology, and Innovation (ST&I) against COVID-19: contributions from Brazilian public universities
Ana Maria Nunes Gimenez
Doutora em Política Científica e Tecnológica
pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
Universidade de o Paulo (USP), Instituto
de Estudos Avançados (IEA), São Paulo, Brasil
E-mail: anamarianunesgimenez@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-6187-0718
A lista completa com informações da autora está no final do artigo
RESUMO
As universidades brasileiras, com destaque para as públicas, mobilizaram recursos humanos e financeiros para fazerem frente aos
desafios desencadeados pela pandemia de COVID-19. Muitas instituições, Brasil afora, estabeleceram forças-tarefas, organizaram uma
gama muito grande de ações, no campo do ensino, pesquisa e extensão, mas também realizaramões de solidariedade e de amparo
às comunidades interna e externa. Além disso, elas também se engajaram no esforço internacional de ciência, tecnologia e inovação
(CT&I) buscando contribuir para o avanço do conhecimento sobre a COVID-19 e o novo Coronarus, em diferentes áreas, e no
oferecimento de produtos e solões para o enfrentamento dos efeitos nocivos da pandemia. Em vista dessas evidências, este artigo
apresenta achados de pesquisa exploratória que mapeou as ações de universidades brasileiras, no campo da CT&I. Os dados empíricos
foram coletados entre abril de 2020 e outubro de 2021. Juntamente com a apresentão dos resultados buscou-se realizar uma discussão
sobre o papel da universidade na sociedade, com base em literatura de caráter multidisciplinar e que engloba textos do campo dos estudos
sobre ensino superior, estudos sociais da ciência e da tecnologia, entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. COVID-19. Universidades Públicas Brasileiras. CT&I
ABSTRACT
Brazilian universities, with great emphasis on public ones, mobilized financial and human resources to face the challenges triggered by the
COVID-19 pandemic. Many institutions, all over Brazil, have established task forces, organize a very large range of actions, in the field of
teaching, research, and extension, and also carry out actions of solidarity and support to the internal and external communities. In addition,
they have also engaged in the international effort of science, technology, and innovation (ST&I) seeking to contribute to the advancement
of knowledge about COVID-19 and the new Coronavirus, in different areas, and in offering products and solutions to face the harmful effects
of the pandemic. Because of this evidence, this article presents findings from exploratory research that mapped the actions of Brazilian
universities in the field of ST&I. Empirical data were collected between April 2020 and October 2021. Along with the presentation of the
results, we sought to carry out a discussion on the role of the university in society, based on multidisciplinary literature that includes texts
from the field of studies on higher education, social studies of science and technology, among others.
KEYWORDS: Pandemic. COVID-19. Brazilian Public Universities. ST&I.
1 INTRODUÇÃO
A pandemia de COVID-19 tem afetado severamente a situão da saúde global, impactando
as dinâmicas da vida em sociedade, interferindo na convincia social, familiar, profissional, nas
cadeias de suprimentos, nas atividades educacionais, na organizão da pesquisa, entre outras. Em
vista desse quadro, instituições educacionais do mundo todo se viram diante de um grande desafio,
qual seja, reorganizar suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. No caso do Brasil, mesmo
em meio à escassez de recursos e a uma crise de legitimidade, as universidades públicas, em
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Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v. 19, p. 01-22, jan./dez. 2022.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1807-1384. DOI: https: //doi.org/10.5007/1807-1384.2022.e86962
resposta à pandemia, imprimiram novas competências, resultando em aprendizado que, espera-se,
seja um ponto de partida para a criação de capacidades relacionais que promovam o fortalecimento
das interações Universidade-Sociedade.
O surgimento da COVID-19 fez com que várias universidades brasileiras exercessem um
protagonismo sem precedentes, redirecionando recursos humanos e financeiros para a realização
de um conjunto bastante amplo de ações, tanto no campo da pesquisa, do ensino, mas também
engajando-se em atividades de solidariedade e amparo às suas comunidades internas e internas, e
no esforço internacional de ciência e tecnologia e inovação (estudos epidemiogicos,
desenvolvimento de testes de diagnósticos, produção de insumos para testes e vacinas, etc.). Em
suma, as necessidades e demandas se transformaram de forma muito rápida e por um motivo
totalmente inesperado uma crise sanitária e não uma imposição econômica ou financeira do
mundo da produção e dos serviços, impondo de forma contumaz, às universidades e a outras
Instituições de Ensino Superior (IES), uma grande revisão da forma como realizam e cumprem suas
missões.
Na realidade, a relação Universidade-Sociedade já estava em transformação nas últimas
décadas. Geschwind et al. (2019) sustentam que há alguns anos se espera que as IES contribuam
para o desenvolvimento de resiliência das sociedades, não apenas fornecendo uma educação
relevante, contextualizada e de alta qualidade, mas também produzindo conhecimentos que possam
ter impacto no desenvolvimento cultural, social, político, tecnológico e econômico dessas
sociedades. Sendo assim, conforme o século XXI avança, avançam também as cobranças para que
as IES, especialmente as universidades, se tornem mais estratégicas, proativas e explícitas nas suas
relações com o público externo, especialmente por meio de um olhar mais atento ao seu entorno.
O entorno, segundo Estébanez (2016), diz respeito ao ambiente de interação entre
acadêmicos e não acadêmicos e nos força a considerar o espaço social de diálogo entre a
universidade e a sociedade, no qual acontecem as trocas de saberes e para onde são direcionados
os resultados da atividade científica. Os agentes não acadêmicos e seus problemas, interesses e
demandas integram o contexto de aplicação desses resultados, mas ao mesmo tempo, podem ser
participantes da coprodução do conhecimento cienfico. As demandas dos agentes é que definirão
o contexto de aplicação e essas demandas poderão ser mais genéricas (“problemas nacionais”,
“interesse público”), ou mais específicas (quando tais problemas e interesses são definidos e
explicitados) e elas variam conforme os interesses e as agendas políticas de determinada época.
Em termos geográficos, a ideia de entorno pode envolver diferentes esferas: setores da sociedade,
organizações, comunidades, que podem ser locais, regionais, nacionais ou mesmo internacionais.

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