Acórdão nº0002723-23.2021.8.17.2001 de Gabinete do Des. Carlos Frederico Gonçalves de Moraes (3ª CDP), 12-12-2023

Data de Julgamento12 Dezembro 2023
AssuntoAbuso de Poder
Classe processualApelação Cível
Número do processo0002723-23.2021.8.17.2001
ÓrgãoGabinete do Des. Carlos Frederico Gonçalves de Moraes (3ª CDP)
Tipo de documentoAcórdão

Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário 3ª Câmara Direito Público - Recife INTEIRO TEOR TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO Reexame Necessário e Apelação nº0002723-23.2021.8.17.2001
Origem: 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital
Apelante: Presidente da FUNAPE Apelado: Israel Pedro da Silva
Relator: Des.
Carlos Moraes RELATÓRIO Autue-se o Reexame Necessário.

Trata-se de Reexame Necessário e Recurso de Apelação, interposto pela FUNAPE, em face da sentença proferida pelo MM.


Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública da Capital, que concedeu parcialmente a ordem para o fim de:
“(.

..)reconhecer o direito do autor em não recolhero percentual de 9,5% a título de contribuição de inativo até dos efeitos da Lei Complementar Estadual n.

º 432/2020, devendo ser reconhecido o pagamento do indébito da data de ajuizamento do presentemandamusaté os efeitos da legislação estadual,extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil
.

Sem custas.

Sem honorários, por se tratar de mandado de segurança.


A FUNAPE apelou.

Pugnou pelo provimento do recurso.


Para tanto, em resumo, defendeu a legalidade e a constitucionalidade da cobrança de contribuição previdenciária sobre a totalidade dos proventos dos militares estaduais inativos, já a partir da vigência da Lei Federal n° 13.954/19, mesmo antes da edição da Lei Complementar Estadual n° 432/2020.


Contrarrazões.

Pelo improvimento do recurso.


Sem parecer da Douta Procuradoria de Justiça, haja vista o Representante Ministerial ter se manifestado, em processos análogos, pela desnecessidade de sua intervenção no feito.


É o Relatório.

Inclua-se em pauta.

Recife, data registrada no sistema.


Des. Carlos Moraes TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO Reexame Necessário e Apelação nº0002723-23.2021.8.17.2001
Origem: 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital
Apelante: Presidente da FUNAPE Apelado: Israel Pedro da Silva
Relator: Des.
Carlos Moraes VOTO A FUNAPE defende que, com base em alteração conferida pela EC nº 103/2019 ao inciso XXI do art. 22 da CF, por meio do qual passou a ser da União a competência para legislar sobre normas gerais acerca de “inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares”, atualmente são aplicadas aos militares estaduais as disposições contidas no Decreto-lei nº 667/1969, com as alterações promovidas pela Lei Federal nº 13.954/2019, responsável pela criação do “Sistema de Proteção Social dos Militares”, desvinculando-os do FUNAFIN.

O art. 24-C (incluído pela Lei Federal nº 13.954/2019), do Decreto-Lei nº 667/69, dispõe que a contribuição previdenciária devida pelo militar incide sobre a totalidade da remuneração por ele percebida.


Vejamos: Decreto-Lei nº 667/1969 Art. 24-C.
Incide contribuição sobre a totalidade da remuneração dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, ativos ou inativos, e de seus pensionistas, com alíquota igual à aplicável às Forças Armadas, cuja receita é destinada ao custeio das pensões militares e da inatividade dos militares.

O STF julgou a Ação Ordinária nº 3396/DF e declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 24-C, do Decreto-Lei nº 667/69, modificado pela Lei Federal nº 13.954/2019, in verbis:
Ementa: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.


CONSTITUCIONAL.

FEDERALISMO E RESPEITO ÀS REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA.


LEI 13.954/2019. ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO PARA INATIVIDADE E PENSÃO.

POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES ESTADUAIS.


COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA ESTABELECER NORMAS GERAIS.


ART. 22, XXI, DA CF/88.


EXTRAVASAMENTO DO CAMPO ALUSIVO A NORMAS GERAIS.


INCOMPATIBILIDADE COM A CONSTITUIÇÃO.


DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.


PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
1. Ação Cível Originária ajuizada por Estado-membro com o objetivo não afastar sanção decorrente de aplicação, aos militares, de alíquota de contribuição para o regime de inatividade e pensão prevista na legislação estadual, em detrimento de lei federal que prevê a aplicação da mesma alíquota estabelecida para as Forças Armadas. 2. É possível a utilização da Ação Cível Originária a fim de obter pronunciamento que declare, incidentalmente, a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, particularmente quando esta declaração constituir-lhe a sua causa de pedir e não o próprio pedido. 3. As regras de distribuição de competências legislativas são alicerces do federalismo e consagram a fórmula de divisão de centros de poder em um Estado de Direito.

Princípio da predominância do interesse.
4. A Constituição Federal de 1988, presumindo de forma absoluta para algumas matérias a presença do princípio da predominância do interesse, estabeleceu, a priori, diversas competências para cada um dos entes federativos – União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios – e, a partir dessas opções, pode ora acentuar maior centralização de poder, principalmente na própria União (CF, art. 22), ora permitir uma maior descentralização nos Estados-Membros e nos Municípios (CF, arts. 24 e 30, inciso I). 5. Cabe à lei estadual, nos termos do art. 42, § 1º, da Constituição Federal, regulamentar as disposições do art. 142, § 3º, inciso X, dentre as quais as relativas ao regime de aposentadoria dos militares estaduais e a questões pertinentes ao regime jurídico. 6. A Lei Federal 13.954/2019, ao definir a alíquota de contribuição previdenciária a ser aplicada aos militares estaduais, extrapolou a competência para a edição de normas gerais, prevista no art. 22, XI, da Constituição, sobre “inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares”. 7. Ação Cível Originária julgada procedente para determinar à União que se abstenha de aplicar ao Estado de Mato Grosso qualquer das providências previstas no art. 7º da Lei 9.717/1998 ou de negar-lhe a expedição do Certificado de Regularidade Previdenciária caso continue a aplicar aos policiais e bombeiros militares estaduais e seus pensionistas a alíquota de contribuição para o regime de inatividade e pensão prevista em lei estadual, em detrimento do que prevê o art. 24-C do Decreto-Lei 667/1969, com a redação da Lei 13.954/2019. Honorários sucumbenciais arbitrados em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), nos termos do artigo 85, § 8º, do CPC de 2015, devidos ao Estado-Autor.

(ACO 3396, Relator ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-252 DIVULG 16-10-2020 PUBLIC 19-10-2020) Observa-se que o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 24-C do Decreto-Lei nº 667/69, incluído pela Lei Federal nº 13.954/2019, por entender que a União, ao determinar a alíquota a ser aplicada à contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração dos policiais militares e bombeiros militares
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