Acórdão Nº 08000475920208205125 de TJRN. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Terceira Câmara Cível, 16-06-2021

Data de Julgamento16 Junho 2021
Classe processualAPELAÇÃO CÍVEL
Número do processo08000475920208205125
ÓrgãoTerceira Câmara Cível
Tipo de documentoAcórdão

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

Processo: APELAÇÃO CÍVEL - 0800047-59.2020.8.20.5125
Polo ativo
JOSELMA GOMES DA SILVA
Advogado(s): ANTONIO MATHEUS SILVA CARLOS
Polo passivo
BANCO BRADESCO S/A e outros
Advogado(s): JOSE ALMIR DA ROCHA MENDES JUNIOR

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Gabinete do. Desembargador Vivaldo Pinheiro - 3ª Câmara Cível

Dra. Maria Neíze de Andrade Fernandes (Juíza Convocada)

Apelação Cível nº 0800047-59.2020.8.20.5125

APELANTE: JOSELMA GOMES DA SILVA

Advogado(s):ANTONIO MATHEUS SILVA CARLOS

APELADO: BANCO BRADESCO S/A

Advogado(s):JOSE ALMIR DA ROCHA MENDES JUNIOR

Relatora: DRª MARIA NEÍZE DE ANDRADE FERNANDES(JUÍZA CONVOCADA)

EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE TARIFA INDEVIDA. DESCONTO NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA PARTE AUTORA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO COMPROVOU A LICITUDE DOS DESCONTOS. CONDUTA ABUSIVA. CABÍVEL INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO A SER APLICADO DE FORMA PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO. PRECEDENTES.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível acima identificados.

Acordam os Desembargadores da 3ª Câmara Cível deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, em Turma, à unanimidade de votos, em conhecer e DAR provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora, parte integrante deste.

RELATÓRIO

Trata-se de Apelação Cível interposta por JOSELMA GOMES DA SILVA em face da sentença proferida pelo Juízo da Vara Única Comarca de Patu -RN, que nos autos da AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO e REPARAÇÃO POR DANO MORAL, por ela ajuizada em desfavor do BANCO BRADESCO SA, julgou parcialmente procedentes os seus pedidos iniciais, nos seguintes termos:

“Diante da pretensão buscada pela parte autora, os romanos diriam: DE NIHILO IRASCI (Irar-se por coisa nenhuma), pois o mero dissabor assimilado pela demandante não gera situação reparável por responsabilização de dano moral. O caso é, pois, de procedência parcial. III – DISPOSITIVO ANTE O EXPOSTO, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos contidos na petição inicial, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC, para: a) confirmar a tutela de urgência concedida (id. 52399198); b) condenar o promovido na obrigação de fazer consistente em abster-se de realizar os descontos na conta bancária do autor, referente à rubrica “CESTA B. EXPRESSO4”; c)condenar o promovido ao pagamento em dobro do valor efetivamente descontado nos proventos do autor, a título de danos materiais, com a incidência de correção monetária (pelo INPC), desde o evento danoso (data do respectivo desconto – Súmula 43 do STJ), e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês incidentes desde a citação válida (art. 405 do CC), a serem devidamente apurados em liquidação de sentença; e d)condenar o promovido ao pagamento das despesas processuais (art. 84 do CPC) e dos honorários advocatícios, estes que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (nos termos do parágrafo segundo do art. 85 do CPC)”.

Em suas razões recursais, a parte apelante alega que apesar de ser correntista do Banco do Bradesco S.A, não foi corretamente cientificada que deveria pagar o valor aqui contestado, referente a CESTA B EXPRESS.

Narra que a cobrança é ilegítima, tendo direito também à uma indenização por dano moral.

Ao final, requer o conhecimento e provimento do recurso para reformar a sentença recorrida nos termos suso.

Ausente contrarrazões.

Inexiste interesse do Ministério Público a intervir no feito.

É o relatório.

VOTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso.

Como relatado, a análise do recurso consiste em examinar se foi acertada, ou não, a sentença que negou uma indenização por dano moral à recorrente.

Os descontos indevidos na conta bancária da parte autora, decorrentes de um contrato não formalizado, geraram transtornos e constrangimentos. Dessarte, presentes os elementos identificadores da responsabilidade civil e o nexo de causalidade entre eles.

A propósito, o dano moral decorrente da realização de contrato sem o consentimento do titular da conta, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, inclusive em recurso repetitivo, é presumido ou in re ipsa, dispensando a prova do prejuízo, bastando para sua configuração a ocorrência dos descontos indevidos, como podemos verificar do julgado a seguir:

“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.DANOS MATERIAIS. CHEQUE NOMINAL E CRUZADO DESTINADO A DEPÓSITO JUDICIAL. ENDOSSO IRREGULAR. DEPÓSITO EM CONTA BANCÁRIA DE TERCEIRO, MEDIANTE FRAUDE. RESPONSABILIDADE DO BANCO SACADO (LEI 7.357/85, ART. 39). PRECEDENTE QUALIFICADO (TEMA 466). AGRAVO INTERNO PROVIDO.RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

1. Nos termos do art. 39 da Lei do Cheque, nº 7.357/85, a regularidade do endosso deve ser verificada pelo bancos sacado e apresentante do título à câmara de compensação.

2....

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT