Acórdão Nº 08004046620218205137 de TJRN. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Câmara Criminal, 04-03-2024

Data de Julgamento04 Março 2024
Classe processualAPELAÇÃO CRIMINAL
Número do processo08004046620218205137
ÓrgãoCâmara Criminal
Tipo de documentoAcórdão

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
CÂMARA CRIMINAL

Processo: APELAÇÃO CRIMINAL - 0800404-66.2021.8.20.5137
Polo ativo
MPRN - Promotoria Campo Grande e outros
Advogado(s):
Polo passivo
LUIZ CARLOS
Advogado(s): TARCIO DANILO BEZERRA DA SILVA

Apelação Criminal n° 0800404-66.2021.8.20.5137

Origem: Juízo da Vara Única da Comarca de Campo Grande.

Apelante: Ministério Público.

Apelado: Luiz Carlos.

Advogado: Tárcio Danilo Bezerra (OAB/RN N° 12.371)

Relator: Desembargador Glauber Rêgo.

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO DO RÉU PELO CRIME DE MAUS-TRATOS (ART. 32, § 1º-A E § 2º, DA LEI 9.605/1998). APELO MINISTERIAL. PLEITO CONDENATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA QUE SE IMPÕE. PROVA ORAL INSUFICIENTE PARA DELINEAR AUTORIA E MATERIALIDADE. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Acordam os Desembargadores que integram a Câmara Criminal deste Egrégio Tribunal de Justiça, à unanimidade de votos, em dissonância com o parecer do 4º Procurador de Justiça, em conhecer e negar provimento ao presente apelo, restando inalterada a sentença fustigada, tudo nos termos do voto do Relator, parte integrante deste.

RELATÓRIO

Trata-se de Apelação Criminal interposta pelo Ministério Público em face da sentença proferida pelo Juízo de Direito da Vara Única da Comarca de Campo Grande (ID Num. 22517847 - Pág. 2), que absolveu o réu LUIZ CARLOS (“LUIZ DE ALAÍDE”) pela prática do crime de maus-tratos, previsto no art. 32, § 1º-A e § 2º da Lei nº. 9.605/98.

Em suas razões (ID Num. 22517855 - Pág. 2), o apelante requereu, em síntese, a reforma da sentença a quo para condenar o réu LUIZ CARLOS, conhecido como “Luiz de Alaíde”, nas penas do art. 32, §1º-A e § 2º, da Lei 9.605/98.

Em sede de contrarrazões (ID Num. 22517858 - Pág. 2), o apelado pugnou pelo conhecimento e desprovimento do apelo.

Por intermédio do parecer de ID Num. 22608245 - Pág. 1, a 4º Procuradoria de Justiça pugnou pelo conhecimento e desprovimento do recurso.

É o relatório.

Ao E. Desembargador Revisor.

VOTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso.

Após analisar detidamente o caderno processual, não enxergo como pode prosperar o pleito condenatório formulado pelo órgão ministerial.

Nesse ponto, relevante reproduzir a versão dos fatos apresentada na denúncia:

que no dia referido, policiais militares foram acionados através de pessoa anônima, a qual noticiou que um indivíduo havia passado em frente à residência do Sr. José Rocino (proprietário do animal) e efetuado 02 (dois) disparos de arma de fogo, tendo um dos disparos atingido o cachorro que estava amarrado em frente à mencionada casa, razão pela qual se deslocaram até o local.

Chegando lá, “Jacilene Barbosa”, testemunha, informou ter presenciado toda a ação e afirmou ter sido “Luiz de Alaide”. Colhe-se, ainda, que as autoridades policiais tomaram conhecimento de que o denunciado estava ingerindo bebidas alcoólicas no bar de “Chiquinho”. Após diligenciar e conversar com ele, este disse que quem estava armado em seu bar era “Luiz de Alaide” e que ouviu dois disparos de arma de fogo logo após o acusado ter saído do local. Acrescentou que “Luiz de Alaide” teria atingido o cachorro do “mudo” (José Rocino) – vide ficha de ocorrência de fl. 06 (ID nº 68135502).” (ID Num. 22517650 - Pág. 2).

Todavia, a versão das testemunhas/declarantes em Juízo não corrobora a descrição dos fatos ofertada pelo órgão acusador, notadamente como se percebe a partir do depoimento de “Chiquinho”, colacionado a seguir:

Francisco de Souza Filho (testemunha)- o depoente disse que conhece o réu; que o réu passou na casa no depoente, tomou um copo de cana e não sabe o rumo que tomou; que o depoente tem um bar e que o réu passou por lá na noite; que é conhecido por Chiquinho; que não disse para o policial que o réu estava armado, pois não viu o réu armado; que o depoente tem conhecimento com o réu, mas que o réu não anda em sua casa; que o réu, às vezes, frequenta seu bar; que soube no outro dia que o réu teria matado o cachorro; que esse fato correu umas dez casas depois da casa do depoente;.

Além do depoimento acima, conflitante com a versão apresentada perante a autoridade policial (ID Num. 22517646 - Pág. 21), destaca-se que a única pessoa que supostamente teria presenciado o momento em que o réu teria atirado no animal, a Sra. Jacilene Barbosa, segundo seu relato para os militares no dia da ocorrência, reproduzido no inquérito (ID Num. 22517646 - Pág. 21), não foi ouvida em Juízo, o que fragiliza muito o juízo de certeza apto a ensejar uma condenação.

Somado a isso, destaco a fala da testemunha Maria da Conceição de Souza:

que no dia 19 de agosto de 2020, na noite, que a depoente não sabe a hora, o réu vinha da casa de Francisco de Souza e passou na frente de sua casa [da depoente] e atirou em lobinho [cachorro]; que a depoente não escutou porque era tarde da noite; que nessa noite estava na casa da sua menina [filha] e quando chegou em casa pela manhã e viu lobinho com uma bala alojada nas costas; que mais de uma pessoa disse a depoente que foi o réu quem atirou; que o esposo da depoente é mudo e surdo; que a depoente foi a Patu; que Luzilene disse a depoente que o réu vinha pela rua com a arma na mão, dizendo que estava...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT