Acórdão Nº 08018515020198205108 de TJRN. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Primeira Câmara Cível, 11-09-2021

Data de Julgamento11 Setembro 2021
Classe processualREMESSA NECESSÁRIA CÍVEL
Número do processo08018515020198205108
ÓrgãoPrimeira Câmara Cível
Tipo de documentoAcórdão

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

Processo: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL - 0801851-50.2019.8.20.5108
Polo ativo
VALDERI IDALINO DA SILVA
Advogado(s): VALDERI IDALINO DA SILVA
Polo passivo
MUNICIPIO DE PAU DOS FERROS e outros
Advogado(s):

EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO POPULAR. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NA CONSTRUÇÃO DE SANTUÁRIO RELIGIOSO NO COMPLEXO TURÍSTICO SERROTE DO JATOBÁ PELO MUNICÍPIO DE PAU DOS FERROS. OBRA PÚBLICA DE VALOR ARTÍSTICO E CULTURAL. FOMENTO AO TURISMO. INTERESSE DA COMUNIDADE LOCAL. EXPRESSÃO DE LIBERDADE RELIGIOSA E DE CRENÇA. CONVIVÊNCIA DO ESTADO LAICO COM SÍMBOLOS RELIGIOSOS. POSSIBILIDADE. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DA REMESSA NECESSÁRIA.

ACÓRDÃO

Acordam os Desembargadores que integram a 1º Câmara Cível deste Egrégio Tribunal de Justiça, por unanimidade de votos, conhecer e negar provimento Remessa Necessária, nos termos do voto do relator que integra este acórdão.

RELATÓRIO

Trata-se de Remessa Necessária, em Ação Popular, da Sentença proferida pelo Juízo de Direito da 3ª Vara da Comarca de Pau dos Ferros, a qual julgou improcedente o pleito de anulação do ato administrativo que autorizou a construção de Santuário Religioso no município de Pau dos Ferros, por entender ser uma escolha política, que possui apoio da comunidade e fomenta o turismo local, e não caber ao Poder Judiciário intervir em tal escolha, sob pena de diminuir a legitimidade da opção feita pela comunidade.

Não fora interposta apelação.

O Ministério Público emitiu parecer pelo conhecimento e desprovimento da Remessa Necessária.

É o relatório.

VOTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço da Remessa Necessária.

Cinge-se a controvérsia em saber se foi adequada a decisão de primeiro grau que julgou improcedente o pedido de anulação do ato que autorizou a construção de um Santuário Religioso no âmbito do Complexo Turístico Serrote do Jabotá.

Inicialmente, destaca-se que o autor da inicial busca combater o ato de construção de santuário religioso, alegando violação a princípios constitucionais e ser vedado ao ente público simpatizar em relação a determinadas orientações religiosas.

Verifica-se que o ato questionado fora precedido de audiência pública realizada na Câmara Municipal e aprovada pelo Poder Legislativo local, consolidando a manifestação do interesse da população na construção do santuário, bem como, tal santuário possui potencial de fomentar o turismo local.

Desse modo, por ser uma escolha da comunidade e possuir valor artístico, cultural e turístico, não entende-se pela inconstitucionalidade do ato, e assim, que não agride a laicidade estatal, tratando-se de expressa liberdade religiosa e crença, assegurada pela Constituição.

Além do mais, a intervenção do Poder Judiciário para a anulação do ato de autorização de construção do santuário religioso implicaria na restrição ao fomento da arte, cultura e turismo local, implicando em possível cerceamento de ganhos econômicos.

Nesse mesmo sentido, seguem jurisprudências sobre o assunto:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – PREFEITA MUNICIPAL E CONSELHO DOS MINISTROS EVANGÉLICOS DO MUNICÍPIO – EVENTO REALIZADO PELO CONSELHO COM PATROCÍNIO DE SHOW GOSPEL PELO MUNICÍPIO – EVENTO CONCOMITANTE AO ANIVERSÁRIO DA
CIDADE – CARACTERÍSTICA CULTURAL QUE SE ASSEMELHA A OUTROS PATROCÍNIOS DE EVENTOS FESTIVOS DE OUTRAS RELIGIÕES – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ESTADO LAICO - ATO QUE NÃO CONFIGURA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – INEXISTÊNCIA DO DOLO OU CULPA GRAVE – SENTENÇA
MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO.

1 – À luz do comando...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT