Acórdão Nº 08141355220218205001 de TJRN. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Câmara Criminal, 28-10-2021

Data de Julgamento28 Outubro 2021
Classe processualAPELAÇÃO CRIMINAL
Número do processo08141355220218205001
ÓrgãoCâmara Criminal
Tipo de documentoAcórdão

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
CÂMARA CRIMINAL

Processo: APELAÇÃO CRIMINAL - 0814135-52.2021.8.20.5001
Polo ativo
DEPROV- DELEGACIA ESPECIALIZADA DE DEFESA DA PROPRIEDADE DE VEÍCULOS E CARGAS - NATAL/RN e outros
Advogado(s):
Polo passivo
ERICO ROGERS MENEZES BEZERRA
Advogado(s): LAERCIO COSTA DE SOUSA JUNIOR, CLAUDIO VICTOR SOUZA DA PENHA

Apelação Criminal n° 0814135-52.2021.8.20.500

Origem: 5.ª Vara Criminal da Comarca de Natal/RN.

Apelante: Enrico Rogers Menezes Bezerra

Advogado: Laercio Costa de Sousa Junior e outro

Apelado: Ministério Público.

Relator: Desembargador Glauber Rêgo.

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO. CONDENAÇÃO PELO CRIME DE ROUBO MAJORADO (ART. 157, §2º, II E §2º-A, I, DO CÓDIGO PENAL). PLEITO ABSOLUTÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME FARTAMENTE DEMONSTRADA. PALAVRA DA VÍTIMA, QUE POSSUI ESPECIAL RELEVÂNCIA EM CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO, CORROBORADA POR OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS. CONFISSÃO DO ACUSADO, AINDA QUE DE FORMA QUALIFICADA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA QUE SE IMPÕE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.


ACÓRDÃO


Acordam os Desembargadores que integram a Câmara Criminal deste Egrégio Tribunal de Justiça, à unanimidade de votos, em consonância com o parecer da 2.ª Procuradoria de Justiça, em conhecer e negar provimento ao recurso, tudo nos termos do voto do Relator, parte integrante deste.

RELATÓRIO


Trata-se de Apelação Criminal interposta por Érico Rogers Menezes Bezerra, já qualificado nos autos, em face da sentença oriunda da 5.ª Vara Criminal da Comarca de Natal/RN (ID 11022622 - Pág. 01-15), que o condenou à pena de 07 anos, 09 meses e 10 dias de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 40 dias-multa, pela prática do crime de roubo majorado, previsto no art. 157, § 2º, I e §2º-A, II, por duas vezes, na forma do art. 70, todos do Código Penal.

Nas razões recursais (ID 11022629 - Pág. 01-11), pugnou o apelante, em síntese, por sua absolvição, sustentando para tanto as teses de insuficiência probatória e incidência do princípio do in dubio pro reo.

Em sede de contrarrazões (ID 11022635 - Pág. 01-19), após rebater os fundamentos do recurso, o Ministério Público de primeiro grau pugnou pelo conhecimento e desprovimento do apelo.

Por intermédio do parecer de ID 11162665 - Pág. 01-07, a 2.ª Procuradoria de Justiça opinou pelo conhecimento e desprovimento do recurso.

É o relatório.

Ao Eminente Desembargador Revisor.

VOTO


Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço do presente recurso.

Consoante relatado, o pleito recursal limita-se a absolvição por insuficiência probatória.

Todavia, após analisar detidamente todo o conteúdo probatório coligido nos autos, não vejo como podem prosperar os argumentos trazidos pela defesa.

Na hipótese, autoria e materialidade encontram-se suficientemente demonstradas, sobretudo pela prova testemunhal amealhada na fase extrajudicial e em Juízo.

Sem embargo, o STJ vem entendendo que "Nos crimes patrimoniais como o descrito nestes autos, a palavra da vítima é de extrema relevância, sobretudo quando reforçada pelas demais provas dos autos. (AgRg no AgRg no AREsp 1552187/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 22/10/2019, DJe 25/10/2019)".

Nesses termos, transcrevo trechos esclarecedores da sentença condenatória, onde consta os depoimentos das vítimas e testemunhas dos fatos, vejamos (ID 11022622 – grifos acrescidos):

(...)

O contexto probatório confirma os fatos criminosos, em especial o que se extrai do depoimento das vítimas.

MARLLOS FRAM DA COSTA OLIVEIRA afirma que estava saindo de sua residência onde sua namorada e sogra foram passar o dia; que quando estava tirando o carro da garagem foi surpreendido por 3 meliantes armados; que provavelmente o carro que parou pouco na frente de sua casa estava dando apoio, o chamado “cavalo”; que teve contato direto com dois deles e estavam armados com arma aparentemente 38; que como foi muito rápido não deu para ele ver qual era o carro e não viu se ele ficou na rua; que tem as câmeras de segurança do vizinho e dá para ver que ele fica dando volta na rua, para por alguns minutos e depois sai; que isso durante o assalto; que eles não conseguiram ver isto porque nessa hora do assalto eles estavam deitados; que viu as imagens das câmeras e acredita que mais de 2 vezes eles deram volta na rua; que quando o motorista deixou os 3 meliantes eles fizeram o assalto e ameaçavam verbalmente; que toda movimentação brusca eles ameaçavam atirar; que levaram televisão, notebook, celulares, aparelho de pressão, relógio, aliança dos seus pais; que levaram 6 celulares; que levaram a bolsa de sua namorada, que estava com roupas; que levarm perfumes; que levaram muito pouco dinheiro; que salvo engano levaram 167 reais; que colocaram os objetos no seu carro e foram embora; que demoraram entre 10 e 15 minutos; que os 3 assaltantes foram no seu carro; que na hora que eles sairam o outro carro não estava mais lá, mas pelas câmeras do vizinho esse carro ainda passa outra vez quando os assaltantes vão embora; que dá para ver que é um Agile; que a vizinha pegou a placa do carro e ligou para a polícia; que 30 a 40 minutos depois o seu carro foi recuperado, encontrado em Mãe Luiza; que quando foram para a delegacia, onde o acusado já estava preso e o Agile prata que foi apreendido com o acusado também; que a placa do Agile era a mesma placa anotada pela vizinha; que a vizinha tinha anotado na mão a placa e reconheceu o carro e a placa; que o carro apreendido é o mesmo carro que aparece nas imagens; que a vizinha disse que viu que ficou o motorista no carro que dava apoio e provavelmente uma outra pessoa no carro, inclusive uma mulher; que na delegacia foi informado que o acusado era motorista de Uber e que já tinha feito outro assalto com os mesmos meliantes no bairro de Cidade Satélite; que também teria falado que os meliantes eram de uma facção de Mãe Luiza e ele tinha uma dívida com ela.

FRANCISCO DAS CHAGAS OLIVEIRA afirma que quando seu filho ia saindo no carro vieram 3 elementos armados e anunciaram o assalto; que levaram um Vivace de seu filho; que levaram eles para a sala e passaram a ameaçar todos; que levaram tudo que queria, como notebook, televisão, celular etc.; que enquanto eles levavam as coisas ficaram deitados no chão; que levaram tanta coisa que agora que começaram a sentir falta das coisas; que levaram 6 celulares, roupas, aparelho de pressão; que mandavam calar a boca e chamando palavrão; que não chegou nem a olhar para eles; que quando seu filho foi dando ré para deixar sua sogra e namorada veio um carro e parou mais na frente e desceram os assaltantes; que o carro que eles desceram ficou lá parado esperando eles, mas na hora da saída os que desceram sairam no carro do seu filho com todos os objetos; que esse carro ficou aguardando; que quando foram fazer o BO o carro já tinha sido encontrado e o acusado já estava na delegacia; que a vizinha anotou a placa e passou para a polícia e recuperou o carro; que a polícia disse que havia encontrado o carro abandonado em Mãe Luiza; que a vizinha é que viu que era um Agile e anotou a placa; que quando um dos assaltantes desceu e mandou seu filho descer do carro, já foi assumindo a direção e os outros dois armados já entraram para dentro de casa; que levaram o celular da namorada de Marlos e celular de sua filha; que não levaram nada de seu cunhado e sua sogra; que levaram 2 televisões e um notebook que ainda estão pagando e foi na faixa de 4 mil reais; que muita coisa não colocou no BO porque na hora não sabiam ainda nem o que tinha sido levado; que levaram 2 tablets e um aparelho de medir pressão e as alianças; que levaram seu relógio; que reviraram toda a sua casa e o

seu quarto jogaram tudo no chão; que no dia e antes de ir para a delegacia, sua vizinha já tinha dito que anotou a placa do carro e que era um Agile; que na delegacia a vizinha viu o carro apreendido e disse que era esse e conferiram a placa e batia com a anotada; que a vizinha tem uma câmera e foi essa câmera que pegou tudo, inclusive o carro passando no local; que a polícia tem a filmagem; que não viu quem ficou dentro do veiculo; que seu filho tem as imagens.

(...)

No presente caso, as vítimas apresentaram depoimentos firmes, seguros e coerentes, demonstrando idoneidade e deixando fora de dúvida não terem...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT