Acórdão nº 52262436720218217000 Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Décima Sétima Câmara Cível, 31-03-2022

Data de Julgamento31 Março 2022
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça do RS
Classe processualAgravo de Instrumento
Número do processo52262436720218217000
Tipo de documentoAcórdão
ÓrgãoDécima Sétima Câmara Cível

PODER JUDICIÁRIO

Documento:20001382300
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

17ª Câmara Cível

Avenida Borges de Medeiros, 1565 - Porto Alegre/RS - CEP 90110-906

Agravo de Instrumento Nº 5226243-67.2021.8.21.7000/RS

TIPO DE AÇÃO: Prestação de serviços

RELATOR: Desembargador PAULO SERGIO SCARPARO

AGRAVANTE: SEGREDO DE JUSTIÇA

AGRAVADO: SEGREDO DE JUSTIÇA

RELATÓRIO

EXPANSAO BRASIL SOLUCOES EM SERVICOS DE TELEMARKETING LTDA interpõe agravo de instrumento contra a decisão proferida nos autos da ação que ajuizou contra TELEFONICA BRASIL S.A. (evento n. 13, processo de origem), nos seguintes termos:

Vistos.

Defiro a gratuidade de justiça aos autores ROUTE SERVICOS DE TELECOMUNICACAO LTDA e EXPANSAO BRASIL B2B SERVIÇOS PARA TELEFONIA LTDA, com base no art. 98 do CPC.

Indefiro, por sua vez, a benesse à parte autora EXPANSAO BRASIL SOLUCOES EM SERVICOS DE TELEMARKETING LTDA, uma vez que, pelo comprovante de rendimentos anexado aos autos, a parte não é merecedora do benefício, podendo arcar com as custas judiciais e demais despesas. Sendo assim, intime-se no prazo de 15 dias para o pagamento das custas proporcionais.

Diligências legais.

Insurge-se com o indeferimento de assistência judiciária gratuita à coautora EXPANSAO BRASIL SOLUCOES EM SERVICOS DE TELEMARKETING LTDA. Alega que a ré lhe surpreendeu com a notificação de não renovação dos contratos com as autoras. Refere que se trata de sua única cliente, e que, além disso, figura como ré em centenas de demandas trabalhitas e apresenta um prejuízo acumulado de mais de um milhão e oitocentos reais no exercício de 2021. Requer a concessão do benefício.

O agravo foi recebido no duplo efeito.

A parte agravada apresentou contrarrazões no evento 18.

É o relatório.

VOTO

Embora possível a concessão do benefício da assistência judiciária a pessoas jurídicas, em observância à garantia constitucional do acesso ao Poder Judiciário (Constituição da República, art. 5º, inc. XXXV), consolidada no art. 98 do NCPC, não se lhes estende a presunção de veracidade da alegação de insuficiência, conforme art. 99, § 3, do NCPC:

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Assim, a mera de declaração de pobreza não autoriza, por si só, a concessão do benefício da AJG à pessoa jurídica, impondo-se, para tanto, que esta comprove a situação de necessidade que a impede de arcar com as despesas processuais.

Nesse sentido, aliás, orienta-se a jurisprudência do Supremo Tribunal de Federal:

BENEFÍCIO DA GRATUIDADE - PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO - POSSIBILIDADE - NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS FINANCEIROS - INEXISTÊNCIA, NO CASO, DE DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DO ESTADO DE INCAPACIDADE ECONÔMICA - CONSEQÜENTE INVIABILIDADE DE ACOLHIMENTO DESSE PLEITO - RECURSO IMPROVIDO. - O benefício da gratuidade - que se qualifica como prerrogativa destinada a viabilizar, dentre outras finalidades, o acesso à tutela jurisdicional do Estado - constitui direito público subjetivo reconhecido tanto à pessoa física quanto à pessoa jurídica de direito privado, independentemente de esta possuir, ou não, fins lucrativos. Precedentes. - Tratando-se de entidade de direito privado - com ou sem fins lucrativos -, impõe-se-lhe, para efeito de acesso ao benefício da gratuidade, o ônus de comprovar a sua alegada incapacidade financeira (RT 787/359 - RT 806/129 - RT 833/264 - RF 343/364), não sendo suficiente, portanto, ao contrário do que sucede com a pessoa física ou natural (RTJ 158/963-964 - RT 828/388 - RT 834/296), a mera afirmação de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários advocatícios. Precedentes. (STF, Segunda Turma, RE-AgR 192715/SP, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 21.11.2006, DJU, 09.02.2007, p. 52) (grifou-se)

Na mesma toada, encontra-se a Súmula n. 481 do STJ, que dispõe que faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

Veja-se que, mesmo em casos de pessoa jurídica em recuperação judicial ou falência, há de haver prova cabal da impossibilidade de arcar com as custas do processo:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO. ÔNIBUS COLETIVO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. INDEFERIMENTO. REEXAME DE PROVAS. ÔNUS SUCUMBENCIAIS DECORRENTES DA LIDE SECUNDÁRIA....

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT